Título: Graça Foster se diz 'constrangida' com preço de ações
Autor: Landim, Raquel
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/09/2012, Economia, p. B8

Em audiência no Senado, presidente da Petrobrás defende reajuste no preço da gasolina, mas diz que "não há dia nem hora"

A presidente da Petrobrás, Graça Foster, disse estar constrangida com o preço das ações da companhia e espera que as cotações retornem para um patamar "justo". Em audiência no Senado, Foster afirmou que o prejuízo do trimestre passado não se repetirá e que continua "trabalhando" para que o preço dos combustíveis no Brasil acompanhe o aumento do produto pelos seus fornecedores no exterior.

"É bastante constrangedor quando a gente conversa sobre o valor das ações. Elas estão muito, muito abaixo do valor real", disse. "Temos um trabalho focado na conclusão dos projetos e na produção. Certamente, por consequência, o valor voltará ao patamar correto, o patamar justo, de ante da época da capitalização." A presidente recomendou aos acionistas que comprem mais ações da empresa.

Sobre o prejuízo de R$ 1,3 bilhão no trimestre passado, Graça disse que ele foi causado por uma conjunção de fatores que não vão se repetir, como a alta no dólar, que afetou a dívida da empresa. Ao destacar os investimentos da empresa para os próximos anos, afirmou que é preciso ter dinheiro em caixa para concluir esses projetos.

Recursos que virão, por exemplo, do reajuste dos combustíveis. Hoje, a Petrobrás compra gasolina no exterior por um preço e vende no Brasil com prejuízo. Segundo Foster, um repasse imediato da variação do preço fora do País seria ruim para a economia brasileira, mas é necessária uma correção. "Temos consciência do efeito de aumento de preços na economia, mas uma companhia que investe o que a gente investe tem de trabalhar pela convergência de preço." Disse, no entanto, que não há "data, dia e hora" para o aumento. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que um reajuste da gasolina este ano "não está no horizonte".

Para resolver o problema da falta de produção de gasolina, segundo Foster, é necessário, por exemplo, que o etanol volte a ser competitivo. "A solução mais simples para a falta de gasolina é o etanol voltar à praça. O nosso grande cavalo de batalha é a volta do etanol, que vai convergir para preços adequados."

Críticas. Parlamentares da oposição criticaram a atuação da empresa. O senador José Agripino Maia (DEM-RN) disse que os brasileiros foram enganados no governo Lula com a ideia de que o Brasil era autossuficiente em petróleo. Foster confirmou que o aumento no consumo superou a produção nos últimos anos, mas disse que oferta e demanda devem empatar novamente em 2014, mais uma vez com o País exportando petróleo e comprando derivados.