Título: Concessões estimulam crescimento
Autor: Leopoldo, Ricardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2012, Especial, p. H3

Para presidente do BNDES, Luciano Coutinho, elas são \"ferramenta indutora\" para incentivar investimentos no País

As concessões públicas são essenciais como "ferramenta indutora" para estimular o aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no País nos próximos anos, na visão da presidente Dilma Rousseff, afirmou o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. Esse crescimento será importante para que o Brasil supere o patamar de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) da FBCF.

"A combinação público privada é o caminho mais eficiente. Além disso, o governo tem como prioridade reduzir a tributação sobre o investimento", afirmou, em palestra da série Fóruns Brasil Competitivo.

De acordo com Coutinho, a carteira de investimentos do Brasil vai se expandir em maior velocidade nos próximos trimestres. "Temos 339 projetos com investimentos de R$ 263 bilhões. Deste total, R$ 153 bilhões serão financiados pelo BNDES", comentou. Segundo ele, o banco oficial fez investimentos em infraestrutura que estão em processo de expansão: atingiram R$ 19 bilhões em 2011, devem alcançar R$ 23,4 bilhões neste ano e subir para R$ 30 bilhões em 2013.

Para Coutinho, a expansão do financiamento de projetos de infraestrutura requer a ampliação da poupança interna do País. Ele ponderou que, embora os financiamentos estrangeiros sejam bem vindos, o Brasil tem condições de economizar recursos próprios a fim de viabilizar seu crescimento, sem colocar as contas externas numa situação vulnerável. "Seria até uma tarefa fácil captar recursos para esses empreendimentos no exterior. Mas não é sensato financiar infraestrutura em moeda estrangeira", destacou.

Na avaliação de Luciano Coutinho, o País precisa empregar duas alavancas para incrementar os investimentos em infraestrutura no País: o sistema de crédito e o mercado de capitais.

No sistema de crédito, ele mencionou que, embora o sistema financeiro seja robusto, é preciso que seja adequado à nova realidade de juros básicos em patamares mais próximos de níveis internacionais. Nesse sentido, os bancos podem ser mais dinâmicos, ao deixarem o conforto de aplicar boa parte de seu caixa em títulos públicos e migrar para outros ativos de longo prazo, o que, segundo Coutinho, vão fortalecer o mercado de capitais no Brasil.

Ajustes de cenário. Para Coutinho, a economia do País tem condições plenas de crescer por um conjunto de virtudes, baseadas em dois vetores: boa situação macroeconômica e um vasto campo de expansão de projetos de infraestrutura.

"O Brasil tem emprego formal que se sustenta no longo prazo e o sistema bancário é robusto e vai precisar se ajustar ao cenário de juros mais baixos", comentou, referindo-se à opinião da presidente Dilma Rousseff, segundo a qual os bancos ainda estão tímidos na concessão de crédito para famílias e empresas.

"O Brasil tem oportunidades rentáveis de investimentos, como as que surgiram a partir da descoberta das reservas de petróleo do pré-sal", destacou Coutinho. "Temos também oportunidades muito relevantes de investimentos em saneamento básico e na Copa do Mundo de 2014."

Para o presidente do BNDES, mudaram as perspectivas para o mercado de capitais no Brasil com a redução do patamar de juros básicos da economia, que caiu de 12,50% para 7,50% ao ano desde agosto de 2011.

Segundo Coutinho, outro fator que estimula o setor, embora indiretamente, é que os segmentos industriais no País estão agora com a "taxa de câmbio num patamar razoavelmente competitivo". Coutinho, porém, não citou um nível nominal da cotação do real ante o dólar. "Abriu-se espaço para investimentos em infraestrutura no País. Temos um regime macroeconômico mais favorável ao investimento produtivo", disse.