Título: Candidatos já negociam apoios para o 2º turno
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Fonte: O Estado de São Paulo, 26/09/2012, Nacional, p. A11

Mesmo com disputa aberta pela proximidade entre os segundos colocados, petistas e tucanos acertam com nomes que já não têm condições de vencer

A duas semanas da eleição para a Prefeitura de São Paulo, o PMDB, o PDT e até o minúsculo PRTB já amarram acordos e se aproximam dos candidatos com chances de disputar o segundo turno. A estratégia discutida nos bastidores das campanhas ficou evidente na segunda-feira, durante debate entre os concorrentes à cadeira de Gilberto Kassab (PSD), promovido pela TV Gazeta.

O candidato do PMDB, Gabriel Chalita, foi um dos que mais atacaram José Serra (PSDB), poupando o petista Fernando Haddad, em confronto com o tucano no horário eleitoral. Chalita está em quarto lugar nas pesquisas de intenção de voto, enquanto Serra e Haddad duelam pela vaga para o segundo turno. Na lanterninha, o candidato do PDT, Paulinho, reforçou a ofensiva contra Celso Russomanno (PRB), líder das pesquisas de intenção de voto que também "roubou" votos do eleitorado tucano.

Embora a cúpula do PMDB, do vice-presidente Michel Temer, negue acordo para ajudar Haddad, em troca de cargos no governo Dilma Rousseff, dirigentes do partido veem como "natural" o apoio de Chalita ao PT, caso o petista passe para a segunda rodada contra Russomanno.

Com boa relação com Haddad, Chalita provocou Serra em várias ocasiões no debate da TV Gazeta. Disse que o tucano deu "quase 200% de aumento" para subprefeitos e cargos de confiança enquanto para o resto dos servidores o reajuste teria sido de "0,01%". "Isso é lamentável nesta gestão Serra e Kassab", insistiu.

Serra rebateu ao afirmar que Chalita é bem remunerado como deputado, com salário mais alto do que o dos subprefeitos, e não compareceria a votações. "Os dados estão aí. Os jornalistas podem checar", atacou. Ex-integrante do PSDB, Chalita tem inserção em parte do eleitorado de Serra.

Em dobradinha com Haddad, o candidato do PMDB dirigiu a ele uma pergunta sobre o sistema de transporte. Levantou a bola para o petista questionar a atual gestão do aliado de Serra.

Em nota, o deputado Baleia Rossi, presidente do PMDB paulista, negou qualquer acordo com o PT e repudiou "especulações sobre uma suposta negociação para Chalita assumir um ministério em troca de apoio ao candidatura do PT".

Dilma já disse a aliados que fará mudanças no ministério depois das eleições, com o novo mapa das urnas e suas respectivas forças políticas. O PMDB espera ganhar postos de maior visibilidade no primeiro escalão e Chalita poderá ser um dos contemplados.

Na seara do PT há quem deseje uma dança das cadeiras no ano que vem, na qual a ministra Gleisi Hoffmann sairia da Casa Civil e começaria a pré-campanha para o governo do Paraná, em 2014.

Nesse cenário, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), poderia ser deslocado para a Casa Civil. O PMDB quer Chalita na Educação - ele foi secretário da pasta no governo Geraldo Alckmin (2003-2006).

Na campanha de Serra, os tucanos trabalham para ter o apoio de Paulinho. Os dois fizeram dobradinhas nos dois últimos debates: o do Estadão/TV Cultura e o da TV Gazeta. Apesar de a relação entre o sindicalista e o tucano não ser das melhores, Paulinho emplacou o secretário de Trabalho, Carlos Ortiz, e é cortejado por Alckmin para apoiar Serra. O Estado apurou que o governador telefonou para Paulinho para parabenizá-lo sobre o desempenho no debate do dia 17.

Nos dois últimos debates, o tucano escolheu fazer perguntas ao pedetista sobre pontos do seu programa de governo. "Eu sempre enfatizei muito o Metrô. Quais são suas propostas para o setor?", questionou Serra, anteontem.