Título: Russomanno é quem mais faz críticas na TV
Autor: Peron, Isadora
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2012, Nacional, p. A6

Com menos tempo que concorrentes diretos, candidato do PRB usa maior parte do programa contra adversários e atual gestão

Em 17 dias de horário eleitoral na TV em São Paulo, o líder nas pesquisas, Celso Russomanno (PRB), foi o candidato que usou, proporcionalmente, mais seu tempo no ar para criticar adversários e a gestão do atual prefeito, Gilberto Kassab (PSD). Fernando Haddad (PT) dedicou a maior parte do tempo a propostas e José Serra (PSDB), às suas realizações.

Os dados constam de levantamento feito pelo Estado. Restam apenas dois programas de TV dos candidatos à Prefeitura: um hoje e outro na quarta-feira.

Com menos de um terço do tempo dos outros dois postulantes ao cargo, o candidato do PRB foi mudando o tom de suas propagandas na medida em que o seu nome se consolidava como a primeira opção dos paulistanos.

Nos programas iniciais, agradeceu o eleitor por colocá-lo na liderança da disputa. Em seguida, adotou a linha de "defesa do consumidor", marca que consolidou ao longo da sua carreira na TV, e passou a ouvir as reclamações de pessoas nas ruas para criticar a atual gestão.

Foi apenas nas últimas semanas que assumiu a postura de vítima do "vale-tudo eleitoral" e aumentou o tom na TV com a justificativa de ter de rebater os ataques que vinha sofrendo de Haddad e Serra. Eles o acusam de não ter um plano de governo.

Já o candidato do PT dedicou quase o mesmo tempo para a apresentação de propostas (29,4%) e críticas (27,9%). No campo das promessas, apresentou as prioridades do programa de governo que lançou no início de agosto, dando destaque para propostas como o Bilhete Único Mensal e o Arco do Futuro. No dos ataques, criticou Serra por ter deixado a Prefeitura em 2006 para concorrer ao governo do Estado e a administração Kassab por "abandonar a cidade".

Haddad também foi o que mais explorou na TV a imagem de seus padrinhos políticos. Além do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afiançou a sua candidatura a prefeito, o petista contou com o apoio da relutante Marta Suplicy e da presidente Dilma Rousseff, que antecipou a sua entrada na campanha para tentar levar o petista ao segundo turno. Haddad e Serra encontram-se tecnicamente empatados em segundo lugar, de acordo com as últimas pesquisas.

Em busca dos votos perdidos para Russomanno na periferia, as últimas propagandas de Haddad passaram a mirar os mais pobres e a destacar o fato de os governos Lula e Dilma terem tirado 28 milhões de pessoas da pobreza e colocado mais de 40 milhões de brasileiros na classe média.

O candidato do PSDB, por sua vez, passou mais da metade do tempo relembrando os feitos do passado. A estratégia da equipe tucana é mostrá-lo como um político experiente, que já foi ministro, prefeito e governador, e, por isso, o nome mais preparado para comandar São Paulo.

O candidato também usou o tempo a que tinha direito na televisão para garantir que, se eleito, ficará os quatro anos no governo. O fato de Serra ter deixado a Prefeitura após um ano e três meses de mandato é visto pelos coordenadores de sua campanha como um dos principais ingredientes que compõe o alto índice de rejeição do tucano, que é de 40%, segundo o último levantamento do Ibope divulgado na semana passada.

Apesar de não ter dedicado muito tempo às críticas (8,7%) - o que se explica por Serra ser o candidato da situação, aliado de Kassab -, o tucano levou para o horário eleitoral na TV o julgamento do mensalão, em curso no Supremo Tribunal Federal. Em uma propaganda, por exemplo, associou a imagem de Haddad à do ex-ministro José Dirceu, acusado de ser o chefe do esquema.