Título: Adversários de Paes cobram investigação
Autor: Junqueira, Alfredo ; Gomes, Marcelo
Fonte: O Estado de São Paulo, 01/10/2012, Nacional, p. A8

Procurador eleitoral pediu abertura de inquérito para apurar suposto abuso político do PMDB

Os adversários do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), cobraram ontem investigação sobre a suposta oferta de R$ 1 milhão que o PMDB da cidade teria feito ao nanico PTN para que a sigla aderisse à coligação que apoia sua reeleição. Em evento de campanha, ontem, Paes disse ser "a pessoa mais interessada numa investigação" ao ser questionado sobre a decisão do procurador regional eleitoral, Maurício da Rocha Ribeiro, de pedir a abertura de um inquérito.

A suspeita de abuso político e econômico veio à tona no sábado, após o site da revista Veja publicar uma gravação que mostra o presidente do Diretório Municipal do PTN, Jorge Sanfins Esch, afirmando a correligionários que havia impedido o lançamento de uma candidatura própria depois de acertar com o PMDB do Rio um acordo para receber R$ 1 milhão. Desse total, segundo a reportagem, R$ 200 mil seriam usados na campanha dos vereadores e os outros R$ 800 mil viriam do deferimento de um processo administrativo da Prefeitura que favorecia Esch - que, no entanto, afirmou posteriomente não ter recebido nada. O processo foi indeferido e arquivado em dezembro.

Além de cobrar a atuação imediata do Ministério Público Eleitoral, o candidato do PSOL, Marcelo Freixo, disse que vai entrar com representação contra o deputado federal Pedro Paulo Teixeira (PMDB) na Procuradoria-Geral da República (PGR). Ex-chefe da Casa Civil do município e braço direito de Paes, o parlamentar é o coordenador de campanha do peemedebista e teria participado do acordo com o PTN, segundo a reportagem. "Se houve crime, foi cometido por um deputado federal. Cabe à PGR investigá-lo para saber se também é um caso de mensalão", disse Freixo.

Rodrigo Maia (DEM) e Otávio Leite (PSDB) também cobraram investigação. Maia disse que o caso evidencia a "estratégia de alianças que vem sendo usada para anular a oposição".

Ontem, o prefeito do Rio disse que o caso não passa de um factoide. Paes garantiu que não usa a máquina da prefeitura para celebrar acordos políticos. "É importante que se investigue. Sou a pessoa mais interessada nessa investigação. Vou até as últimas consequências", disse o prefeito. "A gravação mostra provavelmente um sujeito (Esch) se gabando diante de amigos que receberia dinheiro (do PMDB), mas nada recebeu. É mais uma prova da honestidade do nosso governo", ressaltou Paes, que já afirmou que Esch poderia estar sendo orientado pelo ex-prefeito Cesar Maia - seu adversário.

Paes disse ainda que o caso não terá impacto nas pesquisas de intenção de voto, que até semana passada indicavam que ele venceria o pleito no primeiro turno. "Não trabalho com a cabeça em pesquisa, mas isso tem zero possibilidade de afetar na eleição. Ele (Esch) disse que pediu o que não recebeu. A campanha declarou tudo o que entregou para ele."

No sábado, a assessoria de Paes forneceu ao Estado cópias de notas fiscais já protocoladas no Tribunal Regional Eleitoral do Rio. Os valores somam R$ 154 mil em material de campanha, como placas e panfletos, para os candidatos a vereador do PTN. Em relação aos R$ 800 mil, a assessoria disse que o procedimento foi considerado improcedente, e que nada foi pago.