Título: Lula minimiza mensalão e critica falta de debates
Autor: Lupion, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2012, Nacional, p. A7

Em ato com Haddad, ex-presidente lembra cadeira vazia em 2006 e diz que Haddad "está doido por debatezinho na Globo e na Record"

Em ato com o petista Fernando Haddad na zona leste de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem estar mais preocupado com o cancelamento de dois debates entre os candidatos a prefeito da capital, previstos para esta semana, que com o julgamento do mensalão. Pela manhã, porém, o processo no Supremo Tribunal Federal não deixou de ser citado em ato que reuniu os candidatos do PT em São Paulo, São Bernardo do Campo e Diadema.

Lula participou à tarde de um minicomício em São Mateus. No palanque, disse que "deveria estar com a presidente Dilma (Rousseff) em Belo Horizonte", mas decidiu ficar para pedir votos para Haddad, em terceiro nas pesquisas eleitorais. E começou a criticar a falta de debates na última semana de campanha. "Vai ter debate lá em Garanhuns (cidade pernambucana onde Lula nasceu), e não vai ter debate em São Paulo", afirmou.

A Rede Record promoveria um debate na segunda-feira, mas alegou que José Serra (PSDB) não iria ao encontro - o tucano nega ter dito que faltaria ao encontro - e que Celso Russomanno (PRB) estaria impedido de ir porque estava previsto o nascimento de sua filha - a menina veio à luz no sábado. Na terça-feira, a Rede Globo cancelou o programa marcado para hoje, sob alegação de que o número de debatedores - oito candidatos têm direito de participar - era inviável.

"Fernando Haddad é o único candidato que apresentou programa, e veja que engraçado: em todas as campanhas que o PT estava na frente na pesquisa, tinha debate na Globo, na Record", disse Lula. "Vocês lembram que, quando fui candidato em 2006, colocaram a cadeira vazia porque eu não fui ao debate? E agora o Fernando Haddad está doido por um debatezinho na Globo, na Record, e nem a Record nem a Globo estão fazendo debate dessa vez. É uma vergonha."

Na saída, ao ser questionado sobre o julgamento no STF, Lula disse que "não está preocupado com o mensalão" e afirmou não acreditar que o processo afete as eleições. "Para mim, não (afeta). Estou acompanhando as eleições e fazendo comício."

Outra visão. Horas antes, no início da manhã, militantes do PT e sindicalistas expuseram opinião diferente da de Lula e fizeram do mensalão tema recorrente em discursos na frente da fábrica da Ford, em São Bernardo.

Ao lado de Luiz Marinho e Mario Reali, ambos candidatos do PT à reeleição, pela ordem, em São Bernardo e Diadema. Haddad viu sindicalistas criticarem o julgamento. "Aquele STF é um Big Brother, para fazer show e tentar atacar o que construímos há 32 anos", discursou o secretário do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Teonilio Monteiro da Cosa. "O Supremo está se curvando aos grandes editoriais", disse Marinho aos jornalistas. Haddad evitou falar de mensalão e disse que, para ele, era "simbólico" fazer um ato em porta de fábrica.