Título: Líder no índice geral, candidato do PRB cai mais na zona petista
Autor: Bramantti, Daniel
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/10/2012, Nacional, p. A4

Quem se beneficiará da queda de Celso Russomanno (PRB)? Por enquanto, Gabriel Chalita (PMDB), que cresceu três pontos. Fernando Haddad (PT) está patinando, e José Serra (PSDB) voltou aos 19% de meados de setembro. Ou seja, nenhum dos dois principais adversários de Russomanno ganhou o que ele perdeu. Mas isso não deve continuar assim nos próximos dias.

Uma parte dos eleitores que abandonaram o barco do candidato do PRB fez uma escala na nau dos "sem candidato". A soma de eleitores que declaram votar nulo, em branco ou não souberam responder foi de 18% para 20%. Ou seja, aumentou a indecisão. Mas eles não ficarão em dúvida por muito tempo.

Na média histórica das eleições na cidade de São Paulo, a taxa de branco e nulo é inferior a 10%. Ou seja, pelo menos 10 pontos porcentuais vão se distribuir entre os principais candidatos até a eleição.

Teoricamente, Haddad deveria se beneficiar mais da queda de Russomanno. Na prática, porém, isso não aconteceu - pelo menos por enquanto. O maior tombo do candidato do PRB ocorreu justamente na área petista, uma região periférica da cidade que costuma votar majoritariamente em candidatos do PT e que responde por cerca de 40% do eleitorado paulistano.

Russomanno despencou 10 pontos no reduto petista desde meados de setembro: de 40% para 39% e, agora, para 30%. Enquanto isso, Haddad apenas oscilou: de 20% para 17% e, agora, voltou a 21%. Chalita, em comparação, quase dobrou no bastião do petismo. Foi de 5% para 9%. Também cresceram os eleitores sem candidato: de 20% em 12 de setembro para 22% na semana passada e 25% agora.

Isso significa que 1 em cada 4 eleitores da área petista não sabe citar um candidato a prefeito mesmo depois de olhar o cartão com todos os nomes. Esse eleitor está concentrado, principalmente, na extrema periferia das zonas leste e sul. São dois lugares onde Haddad fez menos campanha se comparado às atividades que ele manteve, por exemplo, no centro expandido.

Ainda que com atraso, a região tornou-se alvo preferencial da campanha petista nesta reta final. Abrigou o comício de Haddad que teve participação da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, por exemplo.

Mas a maior parte do eleitorado paulistano, cerca da metade, vota na área antipetista. É o centro expandido da cidade, onde eleição após eleição os candidatos do PT nunca conseguem ser os mais votados, mesmo quando ganham no total da cidade. Nessa área, Russomanno também caiu e agora está empatado com Serra.

Na área antipetista, Russomanno foi de 31% para 30% e, agora, caiu para 24%. Ao mesmo tempo e no mesmo lugar, Serra oscilou de 25% para 22% e, agora, voltou a 24%. Haddad foi de 12% para 19% e agora voltou para 15%. Quem vem crescendo no eleitorado antipetista é Chalita: de 5%, foi a 9% na semana passada e agora bateu em 12%. Também aumentou a taxa de eleitores sem candidato nessa região, desde a semana passada: de 14% para 18% do total.

Esse eleitorado indefinido da zona antipetista, formado pelos que abandonaram Russomanno e pelos que já estavam indecisos, tem mais chances de migrar para Serra e Chalita do que para Haddad. Mas, em termos absolutos, são menos eleitores do que o grupo dos sem candidato da zona petista.

Os cerca de 10% restantes votam na zona volúvel - bairros que ficam entre o centro expandido e a periferia e que oscilam entre PT e anti-PT a cada eleição. Na atual disputa, a região está fazendo jus ao nome: a intenção de voto lá oscila tanto que é impossível identificar uma tendência.