Título: Taxa de fundos DI cai, mas sobe a de ações
Autor: Gerbelli, Luiz Guilherme
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2012, Economia, p. B3

Bancos cortam taxas do DI e da renda fixa para manter atratividade com a queda dos juros

O corte das taxas de administração promovido pelos bancos foi eficaz somente para reduzir as taxas médias de administração dos fundos DI e renda, segundo levantamento da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Na contramão, as taxas dos fundos multimercados e de ações tiveram aumento neste ano.

A explicação para o descompasso no desempenho das taxas de administração pode estar ligado ao custo maior, sobretudo na administração dos fundos multimercados e de ações. "Esses fundos precisam ter um estrutura maior para manter uma operação", diz Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper.

Além disso, os fundos DI e renda fixa sofrem mais influência da que da taxa básica de juros - a Selic - atualmente em 7,5% ao ano. Ou seja, para manter a sua atratividade precisam compensar a queda no rendimento com uma redução nas taxas de administração.

A perda de competitividade dos fundos de renda fixa que ainda mantêm alta taxa de juros fica evidente quando o desempenho deles é comparado com o da caderneta de poupança.

Segundo cálculo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), na comparação com a popança antiga - cujo o rendimento segue em 0,5% ao mês mais a Taxa Referência (TR) - o rendimento dos fundos é inferior em todos os cenários, inclusive naqueles com pouca incidência do Imposto de Renda e baixa taxa de administração.

Na comparação com a nova poupança - cujo rendimento está atrelado a 70% da Selic -, os fundos de renda fixa só levam vantagem quando a taxa de administração é baixa (0,5%) e/ou quando o prazo de aplicação supera os dois anos.

"Como os fundos de renda fixa têm incidência de Imposto de Renda e taxa de administração, eles acabam perdendo em todas as situações para a poupança velha. Com a nova poupança, perdem na maioria das situações", afirma Miguel de Oliveira, vice-presidente da Anefac.

O aporte inicial baixo é o principal entrave para quem busca um fundo com uma rentabilidade acima do que a poupança pode oferecer. No relatório de agosto da Anbima, a taxa média de administração cobrada pelos fundos de renda fixa para tickets de entrada entre R$ 1 e 1 mil era de 2,48%. Para entradas entre R$ 1 mil e R$ 10 mil, a taxa recua para 1,47%.