Título: Romney ataca política externa de Obama
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/10/2012, Internacional, p. A14

Às vésperas do primeiro debate, candidato republicano tenta ganhar votos ao relacionar a Casa Branca com o caos no Oriente Médio

Mitt Romney atacou ontem a política do presidente Barack Obama para o Oriente Médio. O candidato republicano disse que seu rival promove o caos na região, o que coloca os EUA em risco. Em artigo no Wall Street Journal, ele citou como exemplos as crises na Síria, Líbia, Egito e a incerteza sobre Israel e Irã para pedir "uma nova estratégia para o Oriente Médio", embora não tenha apresentado detalhes sobre seus próprios planos.

A crítica de Romney veio no momento em que o Oriente Médio presencia uma nova onda de violência e depois que autoridades dos EUA reconheceram que o ataque ao consulado americano em Benghazi, na Líbia, foi um atentado deliberado de militantes da Al-Qaeda.

A acusação também precede o primeiro debate presidencial, amanhã, no qual se espera que os candidatos se concentrem em questões de política interna, como a recuperação da economia, emprego e saúde. Ainda assim, as críticas de Romney pretendem capitalizar sobre a instabilidade no Oriente Médio após as revoltas da Primavera Árabe.

No editorial, Romney reiterou o argumento de que os EUA, sob o governo de Obama, "parecem estar à mercê dos acontecimentos, em vez de lhes dar forma". O republicano, no entanto, deu poucos detalhes sobre suas propostas de mudança, mas disse que um novo curso significaria "restaurar" a credibilidade americana com o Irã.

"Quando dizemos que a capacidade iraniana de ter armas nucleares - e a instabilidade regional que vem com ela - é inaceitável, devemos fazer com que os aiatolás acreditem em nós", disse Romney, que acusou Obama de ser muito duro com Israel, um aliado próximo dos EUA, e fraco com o Irã.

O republicano, amigo íntimo do premiê israelense, Binyamin Netanyahu, também disse que a política do governo em relação a Israel era incompreensível. A nova estratégia de Romney inclui "usar o espectro completo de nosso poder brando para incentivar a liberdade e oportunidades para aqueles que conheceram, por muito tempo, apenas corrupção e opressão", disse.

Romney, um empresário de sucesso, citou também a mesma receita que ofereceu para reativar a economia dos EUA: empregos. "A dignidade do trabalho e a capacidade para dirigir o curso de suas vidas são as melhores alternativas para o extremismo."

Pesquisas. Às vésperas do primeiro debate presidencial, Obama lidera ou está empatado com Romney em praticamente todos os temas da eleição, segundo uma nova pesquisa do Washington Post-ABC News. Os números destacam uma disparidade entre a disputa no plano nacional e em Estados-chave, onde a campanha e a propaganda dos dois candidatos se intensificaram.

Basicamente, no plano nacional, a disputa continua como em setembro, com ligeira vantagem para Obama (49% a 47%). No entanto, em três Estados-chave (Flórida, Ohio e Virgínia), o presidente tem uma liderança mais folgada (52% a 41%). Romney, portanto, entrará no debate de amanhã, em Denver, sob forte pressão para dar uma reviravolta em uma campanha na qual vem perdendo terreno. / REUTERS e WP