Título: Russomanno tenta de blindar; campanhas de Serra e Haddad se atacam na reta final
Autor: Chapola, Ricardo ; Boghossian, Eruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2012, Nacional, p. A4

Nos passos finais antes do pri­meiro turno da campanha pela Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno (PRB) usou car­ros de som para voltar a cha­mar o adversário Fernando Haddad (PT) de "mentiroso". José Serra (PSDB) também in­vestiu contra o petista, compa­rando o uso do espaço da pro­paganda de vereadores no últi­mo dia de horário eleitoral de TV, anteontem, a uma afronta à Justiça tal qual "o mensa­lão". Já Haddad deixou os ata­ques para seu padrinho políti­co, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou o candidato tucano de "frágil".

Tanto ontem quanto hoje, vés­pera da eleição, os candidatos têm de respeitar uma série de res­trições da Justiça Eleitoral .

Russomanno, que está em que­da nas pesquisas, abandonou on­tem uma carreata realizada na zona leste. Ele não desceu do ji­pe para cumprimentar eleitores, como costuma fazer, e também não quis conceder entrevista.

A assessora de imprensa do candidato do PRB disse que ele tinha compromissos particula­res, motivo pelo qual não com­pletou o percurso previsto.

Ficaram seus carros de som alardeando a seguinte mensa­gem: "Oi, aqui é Celso Russo­manno. Posso falar com você so­bre transporte público? O Had­dad vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da pas­sagem", diz a gravação, com a voz do candidato. "O Haddad vem mentindo quando diz que vou aumentar o preço da passa­gem. A verdade é que vou redu­zir. O Bilhete Único vai conti­nuar o mesmo, R$ 3, valendo por três horas. Eu vou reduzir o pre­ço e, se você andar menos, paga menos. E ainda o ônibus vai ter ar-condicionado. Posso contar com o seu voto?", diz, no fim da gravação, repetida a cada 30 se­gundos pelos carros de som.

As críticas sobre a proposta de criar uma tarifa proporcional à distância percorrida é vista den­tro do próprio QG de Russoman­no como o principal motivo da queda nas pesquisas do candida­to. Segundo os adversários, Haddad à frente, a tarifa proporcio­nal pesaria no bolso de quem mo­ra na periferia - que pagaria o va­lor inteiro de R$ 3. Os descontos para quem percorre um caminho menor teriam de ser bancados pe­los cofres públicos municipais.

No Shopping Center Norte, ao lado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Serra comparou o uso do horário eleitoral na TV de candidatos a vereador pelas cam­panhas de Haddad e Gabriel Chalita (PMDB) ao escândalo do mensalão, em julgamento no Su­premo Tribunal Federal. Os ad­vogados do tucano pediram à Jus­tiça Eleitoral que todos os outros " candidatos tivessem direito a até 1 minuto cada em um bloco de propaganda extra, que seria exibido hoje. O pedido foi negado.

"O sistema judiciário é um sis­tema forte, que tem que ser res­peitado. O mensalão é uma deri­vação disso. Parece despropor­cional, mas o que houve foi uma transgressão frontal e acintosa às regras legais vigentes", disse.

O tucano classificou como "mais gritante" o uso de parte do programa de candidatos a verea­dor do PT. A prática é proibida pela Justiça Eleitoral, que costu­ma aplicar como punição a per­da de tempo na transmissão se­guinte. aIsso é gravíssimo e eu acho muito importante que haja uma reparação como elemento de preservação de regras da Justi­ça", disse o candidato do PSDB.

Comício. No evento de Haddad ontem na Praça da Sé, no centro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou o candidato tu­cano. Para isso, lembrou o episó­dio em que Serra disse ter se sen­tido meio "grogue" ao ser atingi­do por um objeto numa caminha­da no Rio de Janeiro, durante a campanha presidencial de 2010.

"A gente não pode aceitar ne­nhuma provocação, porque nós sabemos que tem muito candida­to aí que até uma bolinha de pa­pel que alguém jogou na cabeça dele ele diz que foi uma agressão e culpa o PT", afirmou Lula. "En­tão, por favor, nada de brincar com bolinha de papel, nada de brincar de bolinha de isopor, na­da. Apartir de agora, nem bolinha de sabão vocês podem fazer", afir­mou o ex-presidente, que, em tom de deboche e sem citar ex­pressamente o nome do adversá­rio, disse que Serra é "frágil". "Qualquer coisa o machuca."

Lula ainda afirmou que a elei­ção paulistana é a "mais compli­cada" da qual ele já participou na cidade, pois "há um embolamento". O ex-presidente afirmou que Haddad será o mais votado no primeiro turno. O candidato petista disse ter "confiança" em chegar ao segundo turno.