Título: Juros futuros indicam corte de 0,25 na Selic
Autor: Rodrigues, Márcio
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2012, Economia, p. B6

Repercussão da fala do diretor de Assuntos Internacionais do BC derrubou as taxas futuras e apontou nova queda

A melhora do ambiente internacional por boa parte do dia foi superada pela repercussão das declarações de quinta-feira do diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, que derrubaram as taxas futuras de juros, sobretudo as curtas e intermediárias. Além disso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, dentro das projeções, ainda que elevado, não pressionou a alta das taxas.

Os investidores não apenas migraram para um cenário que contempla mais um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic na próxima semana, como já atribuem alguma possibilidade de o ciclo de afrouxamento se estender também para a reunião de novembro do Comitê de Política Monetária (Copom). Além disso, houve redução significativa das apostas em um avanço da taxa básica no próximo ano.

Assim, ao término da negociação normal na BM&F, a taxa projetada pelo DI para janeiro de 2013 (1.145.070 contratos) estava em 7,092%, de 7,19% no ajuste. Isso indica "precificação" de corte da Selic de 0,25 ponto porcentual em outubro, para 7,25% ao ano, além de uma aposta residual de 0,10 ponto em mais uma redução em novembro. O número de contratos negociados superou em 198% o movimento de quinta-feira. A taxa do contrato de juro futuro de janeiro de 2014 (924.890 contratos) recuava para 7,39%, ante 7,59% na véspera.

No longo prazo, a queda também foi consistente. O DI para janeiro de 2017 (154.785 contratos) indicava 8,83%, de 8,99% ontem. O DI para janeiro de 2021, com 7.690 contratos, apontava 9,56%, ante 9,7% no ajuste.

Porta aberta. Os investidores deram peso à fala de Awazu, muito de acordo com as declarações da Fazenda. Na quinta-feira, o diretor disse que a economia global está passando por um "processo longo e penoso de desalavancagem", relacionada aos desdobramentos da crise internacional. Ainda segundo ele, a perspectiva é de um longo período de "crescimento medíocre" nas principais economias.

A LCA Consultores avaliou que os comentários do diretor de Assuntos Internacionais do BC deixaram a porta aberta para um corte parcimonioso da Selic na próxima semana. "Podemos inferir da fala de Awazu que ainda há espaço para novo corte do juro básico, mas teria de ser mais parcimonioso, como indicado na última ata do Copom", ponderam os economistas da LCA.

Diante deste quadro, a Nomura Securities alterou sua projeção para a Selic de 7,5% para 7,25% no próximo encontro do Copom. A instituição argumenta que a "visão pessimista da situação econômica global atual" apresentada ontem por Awazu, em seminário na capital paulista, reforça a ideia de que a autoridade monetária dará continuidade ao afrouxamento da Selic neste encontro.