Título: Estudo aponta retomada da criação de vagas no País em 2013
Autor: Amorim, Daniela ; Neder, Vinícios
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/10/2012, Economia, p. B10

Forte recuo deste ano, de 24%, será seguido pelo crescimento de 41% na criação de vagas formais no próximo ano, diz a LCA

Depois de dois anos de queda no desempenho, a geração de vagas formais no mercado de trabalho voltará a aquecer em 2013. Estudo exclusivo da LCA Consultores aponta um forte recuo este ano, de 24%, na criação de empregos formais e expressiva retomada em 2013, de 41%.

Os novos postos com carteira assinada podem chegar a 1,688 milhão, acima do saldo de 2011 (1,566 milhão) e da expectativa para 2012 (que é de 1,197 milhão). Apesar da guinada, o total ainda ficará longe do "ano chinês" de 2010, que registrou mais de 2 milhões novas vagas.

Os setores de comércio e serviços ainda serão os grandes empregadores, mas o impulso maior será na indústria. O parque industrial brasileiro deverá gerar 134% mais empregos em 2013 em relação a 2012. O ritmo mais acelerado está associado à perspectiva de que o desempenho da indústria em 2013 seja mais positivo do que neste ano.

Na avaliação de Fábio Romão, economista da LCA, como a consultoria projeta avanço de 4,4% do PIB no ano que vem, o crescimento na geração líquida de empregos (saldo entre admissões e demissões informadas ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho e Emprego) "não é excepcional". "O ritmo é aquém do que se esperaria para um PIB de 4,4%", afirmou Romão, embora reconheça que sua projeção está "longe de ser pessimista".

Em parte, esse desencontro poderia ser explicado pela resistência do mercado de trabalho neste ano, quando a atividade econômica mais fraca resultou em menor geração de emprego, mas não em dispensa de trabalhadores nem desemprego em alta. Assim, seria possível crescer no ano que vem com a mão de obra mantida neste ano.

Menos otimista, Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, prevê que em 2013, a geração de empregos formais deve ficar apenas um pouco melhor do que este ano, mas "nada muito generoso". Um dos motivos é justamente o fato de o mercado de trabalho ter se mantido "apertado" este ano, apesar da atividade fraca.

Formalização. O avanço na criação de vagas com carteira assinada também pode ser fruto de um processo de formalização em curso no mercado de trabalho. "Há uma tendência de formalização do emprego, que pode ser sinalizada pelo aumento na fatia de trabalhadores formais entre os diferentes setores, mas também pelo avanço no número de trabalhadores por conta própria com CNPJ", disse Cimar Azeredo, gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Azeredo acredita em uma melhora na qualidade do emprego já existente, com trabalhadores informais passando a ter carteira assinada. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no mês passado, revelou o aumento da fatia de trabalhadores formais na indústria (de 82,8% em 2009 para 86% em 2011), no comércio (de 72,8% para 77,3%) e na construção (de 55,5% para 59%).

Por outro lado, Barbosa Filho, do Ibre/FGV, vê desaceleração também no ritmo de formalização da mão de obra, após queda significativa da informalidade nos últimos anos. Segundo ele, a geração de vagas formais incorporou desempregados com alguma qualificação.

Agora, o estoque de desempregados tem qualificação ruim, uma espécie de barreira para novas ondas de formalização ou de quedas na taxa de desemprego. "A (baixa) escolaridade é uma das coisas mais importantes para a informalidade", afirmou Barbosa Filho.