Título: Em 1 mês, 500mil pedidos de seguro-desemprego
Autor: Otta, Lu Aiko
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2012, Economia, p. B1

O mercado de trabalho tem mostrado resiliência à crise internacional, com mais contratações do que demissões de trabalhadores com carteira assinada. Mas os números assustam. Para ter um saldo de 101 mil novas vagas, como o de agosto, foram contratadas 1,8 milhão de pessoas e demitidas 1,7 milhão no período, indicadores que têm sido recordes nos últimos meses. “Isso é complicado, pois, desse total de demitidos, de 500 mil a 600 mil pessoas vão parar no seguro-desemprego”, disse o diretor de Emprego e Salário do Ministério do Trabalho e Emprego, Rodolfo Torelly. Uma proposta que está em análise pelo grupo interministerial é a de determinar uma seleção mais criteriosa para o acesso ao benefício concedido a quem sai do mercado. “Queremos mexer no número de meses trabalhados para acessar o benefício”, disse a diretora de projetos da Secretaria de Acompanhamento Estratégico (SAE), Denise Grosner. Basicamente, tem direito ao seguro quem recebeu salário nos últimos seis meses, trabalhou durante um semestre nos últimos três anos, não recebe nenhum benefício do INSS e nem outra renda, e está desempregado. O pedido pode ser feito por até três vezes em 10 anos. Depois disso, o profissional será obrigado a qualificar-se. O foco está no trabalhador que recebe até dois salários mínimos e que, tradicionalmente, tem um vínculo menor com as empresas. Dados da SAE revelam que a rotatividade do mercado brasileiro é de 40%, enquanto a dos profissionais com menores salários chega a 60%. As demissões feitas de comum acordo para permitir ao trabalhador sacar o saldo do FGTS e usufruir o seguro-desemprego são uma prática aceita sobretudo nas pequenas empresas, disse o vice-presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), Luigi Nese. O diretor do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, disse, porém, que, num levantamento recente feito sobre o pagamento do seguro-desemprego nos últimos dez anos, constatou-se que o universo de benefícios passíveis de terem sido fraudados dessa forma era de 5%. Outro tema em discussão é a unificação do abono salarial com o salário-família. O abono é liberado uma vez ao ano para os trabalhadores cadastrados no PIS. Já o salário-família é pago pela Previdência. O governo quer fazer os pagamentos mensalmente. “A intenção é tornar mais explícito o benefício para que os trabalhadores vejam a vantagem de estarem em um trabalho formal”, disse Denise.