Título: Estagnação prolongada do emprego industrial
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/10/2012, Economia, p. B2

A indústria teria começado a se recuperar no terceiro trimestre de 2012, mas disso não há sinais na Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salários (Pimes), do IBGE. Em agosto, houve de fato uma ligeira queda do total do pessoal ocupado, enquanto a folha de pagamento continuava subindo, em termos reais.

O emprego industrial caiu tanto na comparação com julho (- 0,1%) quanto em relação a agosto de 2011 (- 2%). Neste caso, foi o 11.º resultado mensal negativo consecutivo e a maior queda desde dezembro de 2009 (-2,4%). Entre os primeiros oito meses de 2011 e 2012 também houve recuo, de 1,4%. E no acumulado de 12 meses, até agosto, a queda iniciada em fevereiro de 2011 não deu sinais de arrefecimento.

Como avaliou o Instituto de Estudos sobre o Desenvolvimento Industrial (Iedi), "a perspectiva de resultados mais positivos (da produção) não reverterá o andamento já bastante adverso que o emprego industrial vem acumulando ao longo deste ano".

A Pimes reflete o baixo impacto das benesses fiscais concedidas pelo governo a setores escolhidos, como a indústria automobilística, de eletrodomésticos e eletroeletrônicos ou insumos para a construção civil, não se excluindo agora a hipótese de que a lista seja ampliada.

Historicamente, um aumento das contratações no setor industrial tende a ocorrer alguns meses após a retomada da produção, à medida que os empresários passam a ter confiança no fôlego da recuperação.

A queda de juros, por exemplo, é positiva, mas, em itens críticos, como a energia elétrica, os elementos positivos mesclam-se com os negativos. O governo anunciou uma redução de tarifas em janeiro, mas, neste ano, o custo da energia sofre pela estiagem prolongada, que afeta as negociações no mercado livre. A indústria também será atingida, indiretamente, pela alta da inflação, que afetará o consumo. E o que seria apenas uma boa notícia - a alta real de 1,7% na folha de pagamento da indústria, entre julho e agosto, e de 3,4%, entre janeiro e agosto, comparativamente a 2011, não se traduzirá em maior poder de compra, mas pressionará os custos das empresas.

Os maus resultados do emprego industrial foram generalizados, atingindo 12 dos 14 locais pesquisados, inclusive São Paulo, e 14 dos 18 ramos de atividade, como vestuário, têxtil, calçados e couro, meios de transporte, papel e gráfica e madeira. Entre os que escaparam estão alimentos e bebidas - o que é pouco para pensar em recuperação do emprego.