Título: PIB do BC indica alta de 0,98% em agosto
Autor: Cucolo, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/10/2012, Economia, p. B4

Esse é o quinto crescimento mensal consecutivo na medição do Banco Central; números apontam ainda que economia está acelerando

Os dados positivos da indústria e do comércio levaram a economia brasileira a registrar em agosto o quinto mês consecutivo de crescimento. Foi o melhor resultado em 17 meses. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), que funciona como uma prévia do resultado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado trimestralmente, mostrou expansão de 0,98% em agosto em relação a julho.

O dado foi divulgado ontem, um dia depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC cortar a taxa de juros em 0,25 ponto porcentual e sinalizar que a taxa básica vai ficar em 7,25% ao ano por um período "suficientemente prolongado" para garantir a queda da inflação.

Recuperação. Na decisão, o Copom citou a recuperação da economia. Três diretores foram contra o corte e defenderam a manutenção dos juros em 7,5%. Entre eles, o diretor de Política Econômica, Carlos Hamilton, responsável pelo cálculo do IBC-Br, que só foi fechado ontem, após a divulgação dos números do varejo pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBC-Br, também conhecido como "PIB do BC", mostrou ainda que a economia está acelerando e deve ter fechado o terceiro trimestre com números positivos. Entre abril e junho deste ano, o indicador cresceu apenas 0,47%. Nos três meses encerrados em agosto, a taxa subiu para 1,4%.

Revisão. O BC também anunciou a revisão de resultados do IBC-Br de meses anteriores. Os resultados mensais registrados entre janeiro e julho, com exceção de fevereiro, foram revisados para cima. O índice de fevereiro não mudou. Mesmo assim, o crescimento acumulado em 12 meses está em apenas 1,21%.

Um diferencial do resultado de agosto foi o crescimento da indústria, pois até agora apenas o comércio vinha com resultados mais positivos, disse o economista Flávio Serrano, do Espírito Santo Investment Bank.

"Foi um crescimento forte, vigoroso, com ajuda importante das medidas de redução do IPI", afirmou, citando o benefício para estimular vendas de veículos e outros produtos.

Para setembro, ele estima um crescimento menor da economia, mas não suficiente para atrapalhar o resultado do terceiro trimestre, que será "bastante bom". Essa retomada, no entanto, não vai salvar o PIB do ano.

O próprio BC projeta uma expansão de apenas 1,6%. "No ano, será um resultado bem modesto, que reflete a demora em acertar o diagnóstico em relação à economia e estimular o investimento", diz Serrano.

O Itaú Unibanco, que divulgou ontem o seu cálculo para o PIB mensal, de 0,9%, também prevê queda na atividade em setembro, com base em alguns dados já divulgados, como os do setor automotivo. Avalia, no entanto, que o terceiro trimestre será de recuperação.

"A atividade econômica teve acentuada alta em agosto, após pequeno crescimento no mês anterior", diz o economista do Itaú Aurélio Bicalho. "Mesmo com um enfraquecimento em setembro, projetamos 1,2% para o crescimento no terceiro trimestre."