Título: Assinatura em empréstimo compromete Genoino
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Fonte: O Estado de São Paulo, 09/10/2012, Nacional, p. A6

Ministros do Supremo indicaram que rubrica e depoimentos incriminam ex-presidente do PT por corrupção ativa

Uma assinatura. Esta é a principal prova que levará a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal a condenar o ex-presidente do PT José Genoino por corrupção ativa na sessão da tarde de hoje. O fato de ele ter assinado um dos empréstimos fraudulentos que abasteceram o esquema é crucial para enquadrá-lo no crime, na opinião dos magistrados. Considerado quase como um preposto de José Dirceu na cúpula petista, Genoino será condenado por corrupção ativa por ter comprado o apoio político de PP e PTB.

Quadro histórico do PT, Genoino ascendeu à presidência do partido depois que José Dirceu foi ser o "capitão do time" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto. Ex-guerrilheiro no Araguaia, construiu sua carreira política como deputado federal tendo obtido seis mandatos. Teve especial destaque na oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso. Quando Lula conseguiu chegar ao Planalto, em 2002, Genoino, derrotado na eleição para o governo de São Paulo, foi acomodado na presidência do PT e ganhou a missão de auxiliar Dirceu na montagem da base de sustentação.

Agora, ele será condenado porque o Supremo concluiu que o PT angariou apoio no Congresso com a distribuição de dinheiro aos aliados. Diferente do caso de Dirceu, que alega não haver nenhuma prova material, a situação de Genoino se complicou pelo aval dado a um empréstimo de R$ 3 milhões no Banco Rural. Ele sustenta que só assinou por uma questão formal e de confiança, uma vez que o artificie do financiamento era o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

Depoimentos. Para os ministros do STF, porém, a rubrica é uma prova irrefutável que o então presidente petista tinha conhecimento da prática criminosa de ampliação da base parlamentar do governo. O ex-presidente do PT é acusado de comprar "somente" dois partidos, PP e PTB, tendo se livrado no processo quanto ao PMDB e PL (atual PR).

A acusação contra Genoino, além da assinatura, se baseia fundamentalmente em dois depoimentos. Um deles é do ex-deputado Vadão Gomes (PP) que disse ter participado de uma reunião em que Genoino discutiu apoio financeiro a seu partido em troca de apoio.

O testemunho mais contundente contra o ex-presidente petista é de um outro réu já condenado. Emerson Palmieri, ex-secretário do PTB e braço direito de Roberto Jefferson, afirmou que Genoino discutiu com Jefferson em algumas reuniões o repasse de recursos entre os partidos. Segundo o ex-secretário, o petista tinha o hábito de telefonar a Dirceu para obter o aval para a negociação.

Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, Genoino era um representante de Dirceu na formação da base aliada mediante o pagamento de propina. "Além de conversar com os líderes partidários, convidando-os a apoiar os projetos de interesse do governo, procedia ao ajuste da vantagem financeira que seria paga caso aceitassem a proposta", disse Gurgel.