Título: Tempo de propaganda eleitoral no rádio e na TV foi decisivo
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2012, Nacional, p. A4

Entre os candidatos nas capitais que dispunham do 1º ou 2º maior tempo na TV, 71% ficaram em 1º ou 2º lugar na apuração

Gomo já havia ocorrido na elei­ção de 2008, os porcentuais de votos e de tempo de exposição no horário eleitoral andaram jun­tos no primeiro turno de 2012. A maioria dos candidatos eleitos ou que passaram para o 2.º turno está também entre os que apare­ceram mais nas propagandas no rádio e na televisão.

Dos candidatos que tinham o primeiro ou o segundo maior tempo de TV nas capitais, 71% fi­caram em primeiro ou em segun­do lugar na apuração dos votos. Ao analisar os porcentuais de vo­tos e de exposição no rádio e na TV de todos os 191 candidatos nas 26 capitais do País, a matemá­tica revela uma forte correlação entre as duas taxas.

Em uma escala que vai de -1 a 1, a correlação entre voto e exposição ficou em 0,74. Em termos es­tatísticos, quanto mais próximo o resultado for de 1, maior a corre­lação - considera-se que ela é "for­te" quando fica entre 0,70 e 0,89.

Em 2008, a correlação foi ain­da mais alta: 0,84. A queda neste ano se deve a algumas "zebras", candidatos que tiveram bom de­sempenho apesar da baixa visibi­lidade no horário eleitoral, co­mo Edmilson Rodrigues (PSOL), em Belém, Lindomar Garçom (PV), em Porto Velho, e Ratinho Jr. (PSC), em Curitiba.

Dos 191 candidatos, 52 tiveram diferença inferior a três pontos porcentuais entre suas taxas de exposição e de votos. O gráfico mostra o resultado de um estudo com todos os 366 candidatos que disputaram as prefeituras de capitais em 2008 e 2012. O Estadão Dados tabulou informações de to­dos com base no número absolu­to de inserções na TV que cada candidato ocupou na televisão.

As inserções - peças publicitá­rias de 30 segundos exibidas nos intervalos comerciais das emisso­ras de rádio e TV - são o instrumen­to mais efetivo do marketing político, pois atingem população que "foge" do horário eleitoral fixo.

Os números mostram que, no consolidado das duas últimas eleições, apenas 2% dos candida­tos com menos de 50 inserções de 30 segundos por semana che­garam ao 2º turno ou venceram. Na outra ponta, a taxa de êxito chegou a 74% entre aqueles com 150 inserções por semana ou mais. O total distribuído entre os candidatos foi de 420 inser­ções por semana.

As evidências de correlação en­tre TV e voto não permitem, po­rém, a conclusão de que a propa­ganda é o único fator a influenciar as eleições. Como o tempo do ho­rário eleitoral é distribuído de acordo com o tamanho dos partidos, os candidatos com maior ex­posição são os de legendas ou coli­gações fortes. Com isso, é muito provável que sejam mais conheci­dos e tenham mais visibilidade nos meios de comunicação.

Também é fato que alguns can­didatos são menos dependentes do horário eleitoral que outros. Em São Paulo, Celso Russomanno (PRB) ficou na liderança da corrida pela Prefeitura por quase toda a campanha apesar de ter apenas 7% da propaganda. Ape­sar de não ter passado para o 2.º turno, Russomanno teve o 8.° me­lhor desempenho entre todos os 191 candidatos de capitais quan­do se compara o resultado da ur­na (21,6%) à fatia que ele ocupava na TV. O campeão no quesito aproveitamento foi Marcelo Freixo (PSOL), no Rio: com apenas 5% da propaganda, ele obteve 28% dos votos.