Título: De volta à TV, Haddad se reapresenta a eleitores e Serra compara gestões
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2012, Nacional, p. A4

Os candidatos a prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) vol­tam hoje à propaganda eleito­ral no rádio e na televisão para dar início a uma campanha de comparação de propostas e gestões passadas, mas tam­bém a postos para um "duelo ético" envolvendo os partidos e políticos aliados de ambos. Os programas e as inserções diárias vão ao ar até o dia 26.

A campanha tucana não deixa­rá de explorar o tema do mensalão - na semana passada, o ex-mi­nistro José Dirceu foi condenado por corrupção ativa -, mas em do­ses mais comedidas. A prioridade será questionar a capacidade ad­ministrativa de Haddad. Para is­so, vai levar ao ar os problemas re­lacionados ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e as greves nas universidades federais. O ob­jetivo é criticar a passagem do pe- tista no Ministério da Educação.

A campanha petista, por sua vez, vai reapresentar Haddad ao eleitorado e usar depoimentos da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lu­la da Silva. Para desgastar o tuca­no, vai citar a renúncia de Serra à Prefeitura em 2006, um ano e três meses após assumir o cargo.

O primeiro programa de Had­dad deve ter um tom leve. À fren­te nas pesquisas, os petistas vão esperar eventuais ataques tuca­nos para decidir como respon­der. O arsenal de contra-ataque, no entanto, já está sendo prepa­rado. A depender de como o elei­torado receber as críticas do PSDB, o PT usará temas delica­dos para os tucanos, como a su­posta compra de votos da reelei­ção do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso; as acusações envolvendo o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, e o au­mento do patrimônio de Hussain Aref, ex-diretor da gestão Gilberto Kassab (PSD) suspeito de enriquecer ilicitamente.

Dose certa. Para os tucanos, ci­tar o mensalão requer cuidado: embora consolide o eleitorado antipetista, teme-se que a descrença na classe política eleve os votos Ibrancos e nulos e a abstenção, o que beneficia quem estiver na frente - Haddad, segundo pesquisas.

Além disso, a campanha avalia que comparar as gestões de Serra e Haddad à frente dos ministérios que ocuparam pode ser mais útil para atrair eleitores que não rejei­tam o PT de pronto. O tucano será apresentado novamente como realizador, gestor que atira as ideias do papel", em contraposi­ção a um Haddad que aparecerá como responsável pelos proble­mas no Enem e pela situação que levou às greves nas universidades.

Em contrapartida, os petistas já gravaram depoimento do de­putado Gabriel Chalita (PMDB) para o programa de Haddad, a fim de tentar ampliar a votação no centro expandido. A peça, no entanto, não deve aparecer hoje.

Enquanto os programas não vão ao ar, o duelo de declarações entre Haddad e Serra arrefeceu on­tem. Em evento no Jaçanã, zonanorte, o petista evitou responder às críticas do tucano ao material de combate à homofobia criado pelo MEC, mas não distribuído. Serra disse em entrevista ao Esta­do que ao kit gay quer doutrinar, em vez de educar". Para Haddad, o tucano fez "um ataque pessoal" e "sempre distorce ainformação" Serra disse na Vila Gilda, zona sul, que não é responsável por trazer o julgamento do mensalão para a campanha. "Está to­dos os dias na televisão, no jornal escrito, nos jornais falados. Quem está introduzindo o tema, é o Brasil."