Título: Desafio é investir sem elevar preços
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/10/2012, Economia, p. B3

Carro mais seguro, menos poluente e mais econômico tem custo. Um grande desafio das empresas será definir uma equação que permita tornar o carro nacional mais eficiente com um mínimo de repasse ao produto. O automóvel brasileiro já é caro se comparado ao de outros países e o novo regime, que dará incentivos fiscais a quem reduzir consumo e emissões, não trata diretamente do tema preço.

"Acreditamos que o preço será uma consequência, pois a presença de várias marcas oferecendo produtos mais eficientes vai forçar uma disputa maior no longo prazo", diz Bruno Jorge Soares, especialista da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), ligada ao Ministério do Desenvolvimento.

Para Reinaldo Muratori, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE), é possível que os preços não subam, mas eles também não devem cair. Para Muratori, o que define o valor do carro não é necessariamente seu conteúdo, mas quanto o consumidor está disposto a pagar por ele.

O professor e consultor da Fundação Carlos Alberto Vanzolini e do departamento de Engenharia de Produção da USP, Roberto Marx, afirma que o consumidor tem sua parte de responsabilidade do sobrepreço, por aceitar os valores cobrados. E ressalta que as montadoras ainda "têm gordura para queimar".

O consultor de mercado de produção da IHS Automotive, Fernando Trujillo, também acredita que, para evitar repasses significativos por conta dos investimentos exigidos, as montadoras terão de reduzir margens.

As explicações das empresas e de consultores sobre a razão do mesmo carro ser mais caro aqui são a carga tributária, câmbio e custo Brasil (mão de obra, logística, custo do capital de giro etc). Um exemplo é o Toyota Corolla, vendido aqui a R$ 59 mil e a R$ 35 mil nos EUA.

Outro custo extra que as montadoras terão será o de criar "grupos de inteligência" para monitorar o processo de ajuste ao regime, que é complexo. "Administrar investimentos, compra de componentes locais e comprovação de metas vai exigir a formação de equipes específicas", diz Marcelo Cioffi, sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC). / C.S.