Título: Queda de produção em Campos preocupa governo
Autor: Valle, Sabrina; Guimarães, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2012, Economia, p. B6

O secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Martins Almeida, disse ontem que o governo vê a queda de produção da Petrobrás na Bacia de Campos como mais preocupante para o caixa da empresa do que o prejuízo que a companhia enfrenta com a importação de diesel e gasolina.

"Não tenho a menor dúvida disso. Até porque os volumes importados são pequenos", disse o secretário, que participou do seminário "O Futuro do Gás Natural", realizado pelo Grupo Estado com patrocínio da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace)

O prejuízo com importação de combustíveis para atender à demanda crescente no Brasil é o principal argumento da Petrobrás com o governo - controlador da empresa de capital misto - na defesa por reajuste de preços. Segundo fontes da Agência Estado, a companhia já estuda cortar projetos caso não seja concedido o reajuste previsto em seu plano de negócios.

De acordo com Almeida, a diferença que a Petrobrás precisa importar para atender o mercado interno "é importante", mas não justificaria falta de caixa para financiamento de projetos.

Os último dados de produção, referentes a agosto, mostram que a Petrobrás está produzindo cerca de 200 mil barris por dia a menos na Bacia de Campos em relação a janeiro. O Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) calcula que a Petrobrás perdeu vendas de R$ 6,1 bilhões ao produzir menos neste ano até agosto, enquanto o prejuízo com a importação somou pouco mais da metade no período (R$ 3,3 bilhões). "Não tenho os números aqui, mas em termos conceituais, concordo (com o cálculo)", disse o secretário.

A diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Magda Chambriard, preferiu não polemizar, mas deixou clara sua posição: "O que posso dizer é que, em geral, no mundo, uma empresa de petróleo ganha dinheiro com petróleo", disse. "É importante que a queda de produção seja revertida."

Os próximos dados de produção a serem divulgados, referentes a setembro, mostrarão nova queda para a Petrobrás, dessa vez no pré-sal. Magda disse à Agência Estado que a manutenção de um equipamento no Campo de Lula (operado pela Petrobrás em parceria com BG e Galp) forçou a diminuição da produção. A diretora não precisou o volumes. "Houve um problema com um equipamento em Lula que já está sendo resolvido", disse. "Isso se reflete na média do mês."