Título: Haddad defende ex-número 2 e ataca vice de tucano
Autor: Frazão, Felipe
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/10/2012, Nacional, p. A10

Absolvição de secretário do MEC por improbidade é questão de tempo, diz petista: "Ele vale mais que uma dúzia de Schneider"

O candidato do PT à Prefeitu­ra e ex-titular do Ministério da Educação (MEC), Fernando Haddad, defendeu ontem a conduta do secretário executi­vo da Pasta, José Henrique Paim Fernandes. Conforme o Estado revelou, Paim é réu em uma ação de improbidade ad­ministrativa que questiona a execução de um convênio fede­ral com uma ONG. A informa­ção contradisse Haddad. O pe­tista sustentava que nenhum de seus subordinados diretos no MEC respondia a proces­sos judiciais.

"Ele já foi inocentado unani­memente pelo Tribunal de Con­tas (da União, o TCU), que é com­posto por 11 ministros", disse Haddad. "O ministro José Jorge, do TCU, foi vice na chapa do (go­vernador Geraldo) Alckmin em 2006, e é ex-senador do DEM. Se ele não tiver isenção para julgar um membro do governo do PT então ninguém mais tem."

O colegiado do TCU aceitou, em 2009, as justificativas de Paim na defesa do processo, en­tão relatado por José Jorge - alia­do dos tucanos.

O número 2 de Haddad disse ter sido "induzido a erro" quando assinou em 2005 o convênio de R$ 419 mil do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) - à época presidido por ele - com a ONG Central Nacio­nal Democrática Sindical.

A entidade usaria a verba na al­fabetização de jovens e adultos. Mas auditores do TCU indicaram falhas na execução do contrato, e o Ministério Público Federal re­solveu denunciar Paim à Justiça. O processo ainda está em aberto na Justiça Federal de São Paulo.

Ao argumentar em favor de Paim, Haddad também atacou ontem o vice na chapa do adver­sário José Serra (PSDB), Alexan­dre Schneider (PSD), que foi se­cretário de Educação do prefei­to Gilberto Kassab (PSD). Sch­neider também responde a ação civil pública de improbidade, proposta pelo Ministério Públi­co Estadual em 2010, por supos­ta fraude em contrato da pasta sem licitação para treinamento de diretores e supervisores da rede municipal de ensino. O va­lor da causa é de R$ 635 mil.

"Não tem nenhuma autorida­de dizendo que o contrato que o Schneider firmou é legal. Nenhu­ma. Muito menos um colegiado de ministros do Tribunal de Contas da União. Então esta questão está superada."

Revide. Apesar de tanto Paim quanto Schneider ainda serem considerados réus pela Justiça, Haddad afirmou que as situa­ções de ambos são "diferentes" e sugeriu que a absolvição de Paim é "só uma questão de tempo". Ele aproveitou para rebater declaração de Serra: "Um Henrique Paim vale por uma dúzia de Alexandre Schneider". No fim de semana, o petista havia questionado publicamente a condu­ta de Schneider por causa da in­vestigação, ao que o tucano res­pondeu: "Eu não troco um Sch­neider por seis Fernando Had­dad em matéria de honestidade e de competência".