Título: Obras da usina de Belo Monte param. De novo.
Autor: Lessa, Fátima
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/10/2012, Economia, p. B3

Canteiro de obra foi ocupado por manifestantes

As obras no sítio Pimental, um dos canteiros de obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, em Volta Grande do Xingu, estão paralisadas novamente por causa da ocupação de cerca de 120 manifestantes.

A ação começou por volta das 19 horas da segunda-feira, quando indígenas das etnias xipaia, kuruaia, parakanã, arara do Rio Iririr, juruna, e assurini se juntaram aos pescadores que estão há 24 dias protestando contra o barramento definitivo do Rio Xingu (PA).

A expectativa é que pequenos agricultores, moradores de Altamira e oleiros da região juntem-se aos protestos ao longo da semana. A ocupação foi confirmada pelo Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) por meio de sua assessoria. "O sítio Pimental está paralisado desde a noite de ontem em razão da presença de aproximadamente 80 indígenas e ativistas de organizações não governamentais (ONGs)", disse a assessoria.

Segundo o CCBM, a ocupação ocorre na Ilha Marciana, que fica ao lado do canteiro de obras. "Ainda não fomos informados sobre o motivo da ocupação", informou a assessoria.

Segundo o Movimento Xingu Vivo, "a ação é pacífica e ocorre em razão do completo descumprimento dos acordos firmados pelo Consórcio Norte Energia com os indígenas depois da última ocupação da ensecadeira, entre junho e julho deste ano; o não cumprimento de grande parte das condicionantes; a total falta de diálogo da empresa com os pescadores; e a ameaça concreta de alagamento de parte de Altamira com o barramento definitivo do Rio Xingu".

A estratégia usada foi a mesma da paralisação de junho. Os índios chegaram pelo rio e em terra tomaram as chaves de caminhões e tratores na ensecadeira, e os trabalhadores tiveram que deixar o local a pé.

Segundo o Movimento Xingu Vivo, os manifestantes acusam o empreendimento de fechar o rio sem que tenha sido solucionada a transposição de barcos de um lado a outro da ensecadeira, como exige a Licença de Instalação (LI) outorgada pelo Ibama.

A ensecadeira tem mais de 5 quilômetros e deve ser concluída nos próximos dias. Segundo os indígenas, dessa vez a ocupação deve permanecer até que todos os acordos firmados em julho tenham sido cumpridos.