Título: Finanças motivam a postergação
Autor: Saldaña, Paulo
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/10/2012, Vida, p. A13

A farmacêutica Cibele Ferraz Berenstein, de 39 anos, sempre quis ser mãe. Apesar disso, adiou o sonho em nome dos estudos, da carreira e da estabilidade financeira. "Fiz pós-graduação antes de casar. Namorei por 6 anos. E sempre trabalhei bastante, para ter uma condição financeira mais próxima da ideal para ter um filho", diz ela. "Filho custa caro."

O primeiro bebê, André, veio quando ela tinha 32 anos. Cibele enfrentou uma gravidez um pouco difícil, teve diabete gestacional. "Estava acima do peso, vida sedentária e a idade também contou. Tive de fazer um acompanhamento maior." Mesmo assim, Cibele quis ter outro. Felipe nasceu há 1 ano e 2 meses, quando Cibele tinha 38 anos.

Para a empresária Stela Hayar, de 42 anos, ter tido Laura foi "rejuvenescedor". A filha tem 3 anos e nasceu quando Stela tinha 39. "A gente sempre pensa mais na estabilidade financeira e os anos vão passando. Porque a estabilidade demora."

Stela foi casada por 12 anos. Quando decidiu que era a hora, acabou ficando viúva. Depois de três anos sozinha, conheceu Yuri, hoje com 36. Casaram-se e Laura nasceu três anos mais tarde. "Decidi que tinha de ser antes dos 40 anos. Fiz uma série de exames que detectaram que eu tinha um útero jovem e não precisei de nenhum tratamento específico. Só um acompanhamento maior."

A atendente Suelen Ignácio, de 23 anos, também tinha planos de engravidar depois de estudar e se estabilizar financeiramente. Mas aos 19 anos descobriu que estava grávida. "Mudei todos meus planos, comecei a trabalhar e o dinheiro era para sustentar o Gustavo", diz ela, em meio ao barulho alegre das crianças.

"Hoje não pretendo fazer mais faculdade, outras coisas me atraem. Mas se não tivesse engravidado naquele momento, talvez eu tivesse feito, as coisas seriam um pouco diferentes. Em 2011, a família aumentou. Nasceu Isabela. "Mesmo quando não se planeja, ter um filho é maravilhoso." / P.S.