Título: Itaú lucra R$ 3,37 bilhões no terceiro trimestre
Autor: Modé, Leandro ; Bronzati, Aline
Fonte: O Estado de São Paulo, 24/10/2012, Economia, p. B3

Banco atribui a queda de 11,4% do lucro em relação ao mesmo período do ano passado à redução das taxas de juros e ao aumento da inadimplência em 2012

Mesmo com a inadimplência em queda, o Itaú lucrou 11,4% menos no terceiro trimestre. Os ganhos do maior banco privado do País alcançaram R$ 3,37 bilhões, em comparação a R$ 3,81 bilhões do mesmo período de 2011. A rentabilidade também recuou e os investidores não gostaram. Na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), as ações do Itaú perderam 3,44%, desvalorização superior à de Banco do Brasil, Bradesco e Santander no dia.

Segundo o diretor corporativo de controladoria do Itaú, Rogério Calderón, tanto o lucro quanto o retorno sofreram os efeitos da queda das taxas de juros e do aumento da inadimplência em grande parte de 2012. Ele frisou que o banco já adota uma estratégia com objetivo de amortecer esse impacto.

De um lado, disse, o Itaú terá como foco as modalidades de crédito em que a inadimplência costuma ser mais baixa, como imobiliário e consignado. A contrapartida, segundo o próprio Calderón, é que o retorno de ambas é inferior ao de outros tipos de empréstimos, como cheque especial e cartão de crédito.

De outro lado, o banco está fazendo um esforço para ser mais eficiente, de forma que as despesas cresçam menos do que as receitas. Isso passa por investimentos em tecnologia. Em setembro, o Itaú anunciou um aporte de mais de R$ 10 bilhões na área, com destaque para a construção de um centro tecnológico em Mogi Mirim, no interior paulista.

A escolha foi elogiada pelo analista do Goldman Sachs Carlos Macedo. Em entrevista recente ao Estado, ele disse que os bancos brasileiros precisam buscar locais em que o metro quadrado do terreno não custe tão caro como na cidade de São Paulo, onde hoje se localiza a maioria dessas instalações.

Na estratégia do Itaú, o crédito para veículos perde espaço. Segundo Calderón, o banco ficou mais rigoroso para financiar carros, exigindo porcentual maior de entrada e redução dos prazos.

De acordo com ele, a entrada média exigida pelo banco passou de 25% para 37% do valor e o prazo médio, que já foi de 52 meses, está em 42 meses. "Não é possível operar em veículos com prazo muito longo e entrada baixa", argumentou Calderón.

Inadimplência. O índice de inadimplência total do Itaú caiu para 5,1% no terceiro trimestre, ante 5,2% nos três meses imediatamente anteriores. O recuo foi explicado pelas empresas, segmento em que o porcentual saiu de 3,5% para 3,3%. Nas pessoas físicas, a tendência de alta se manteve: de 7,3% para 7,5%. A redução da inadimplência fez o Itaú revisar para baixo a projeção para despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) nos próximos dois trimestres.

Assim como o balanço do Bradesco, a queda do retorno sobre o patrimônio do Itaú foi um dos destaques negativos do balanço. Analistas do Credit Suisse consideraram o balanço fraco, ressaltando que os números acentuam a preocupação com as receitas. "O resultado dá suporte ao nosso cenário de declínio mais rápido do retorno", disseram, em relatório, os analistas Marcelo Telles, Daniel Sasson e Victor Schabbel.

A equipe afirma que mais importante é o fato de que o retorno está diminuindo significativamente, apesar dos esforços de redução de custos e menores provisões. "A perspectiva operacional para o Itaú não poderia ser mais desafiadora", escreveram.