Título: Oposição planeja pedir explicações a Erenice
Autor: Lopes, Eugênia
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2012, Nacional, p. A17

A oposição defendeu ontem que a ex-ministra Erenice Guerra compareça à Comissão de Viação e Transportes da Câmara para explicar sua atuação no Tribunal de Contas da União na concessão das linhas interestaduais de ônibus, a ser lançada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres, em 2013. Reportagem de ontem no Estado aponta que Erenice, afastada da Casa Civil por denúncias de lobby no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem tratado de negócios públicos com ministros do TCU.

Para oposicionistas, a ex-ministra está sob suspeita de fazer lobby e tráfico de influência. Na segunda-feira, o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), enviará ofício aos ministros do TCU, pedindo explicações sobre os encontros e quais as demandas da ex-ministra. Bueno também enviará requerimento de informações ao ministério dos Transportes, ao qual a ANTT é ligada, perguntando sobre a atuação de Erenice na Agência e em que pé está o processo de concessão de linhas interestaduais de ônibus. "A movimentação dela é algo que fere a ética e precisa ser esclarecida", disse Bueno. Ao defender a regulamentação do lobby, o presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire (SP), argumentou que o TCU tem de dar explicações sobre a atuação de Erenice Guerra no Tribunal. "Ela tem de explicar o que estava fazendo lá e quem são seus clientes. O que ela está fazendo é, no mínimo, imoral. É tráfico de influência", afirmou Freire.

O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias, diz que "atuação dela é condenável e deixa mal o governo". O DEM é favorável à presença de Erenice na Comissão de Transportes da Câmara. "É importante que ela (Erenice) seja convidada para dar esclarecimentos", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Enquanto a oposição quer que a ex-ministra se explique, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), não vê problemas na atuação de Erenice junto ao TCU. "Ela não pode advogar agora? Era só o que faltava", disse o petista. "Se quiserem convocá-la para vir ao Congresso, vai parecer perseguição política."