Título: O Censo do Ensino Superior
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2012, Notas e informações, p. A3

Divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), o Cen­so da Educação Superior de 2011 mostra que, apesar da cria­ção de novas universidades fe­derais, da expansão dos cursos noturnos e da ampliação dos programas de financiamento dos estudantes das universida­des privadas e confessionais, como o ProUni, o setor ainda continua registrando um de­sempenho insatisfatório.

Entre 2010 e 2011, o número de alunos em curso superior aumentou 5,6% - um acrésci­mo de 360 mil matrículas. No final do ano passado, o País ti­nha cerca de 6,7 milhões de universitários. Isso significa que 14,6% dos jovens de 18 a 24 anos estavam matriculados nu­ma instituição de ensino supe­rior. Esse porcentual eqüivale a menos da metade da meta traçada pelo primeiro Plano Nacional de Educação, que há mais de dez anos previa que 30% dos brasileiros dessa faixa etária estivessem fazendo um curso de graduação em 2010.

Por causa da criação de no­vas universidades nos dois mandatos do presidente Lula, da instalação de novos campi nas universidades já existentes e da ampliação dos cursos no­turnos, as instituições federais de ensino superior tiveram um crescimento de 10% no núme­ro de alunos - ante 4,8% na re­de particular. Segundo o Cen­so do MEC, em 2011 as univer­sidades federais responderam por 1,03 milhão de estudantes universitários. Com 4,9 mi­lhões de alunos, as instituições privadas e confessionais fica­ram com 73% das matrículas do setor.

Nos chamados "cursos tec­nológicos", como os das áreas de engenharia, o aumento no número de estudantes foi de 11,4%, entre 2010 e 2011. No mesmo período, a matrícula nos cursos de bacharelado su­biu 6,4%. Já nas licenciaturas, as matrículas cresceram so­mente 0,1%, o que mostra que o País não vem conseguindo formar professores - especial­mente de matemática, física, química, ciências e biologia - para atender à demanda do ensino básico.

No ano passado, ingressaram no ensino superior 2,34 mi­lhões de alunos, dos quais 308,5 mil se matricularam em universidades federais, 1,85 mi­lhão em universidades privadas e confessionais e 182,1 mil em universidades estaduais e muni­cipais. No mesmo período, con­cluiu a graduação 1,01 milhão de estudantes. Desse total, 111,1 mil formaram-se nas institui­ções federais de ensino supe­rior; 798,3 mil, em universida­des particulares e confessio­nais; e 107,2 mil, em institui­ções estaduais ou municipais.

Segundo o Censo do MEC, os jovens brancos seguem com maior presença no ensino supe­rior - 25,6% deles cursaram uma faculdade em 2011, ante 8,8% de negros e 11% de par­dos. Jovens negros e pardos continuam muito abaixo do pe­so que têm na população. Nos­sa meta é que a participação de­les no ensino superior seja a mèsma do Censo Demográfico do IBGE", diz o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Pelos números desse Censo, pretos, pardos e indígenas re­presentam 51,17% da popula­ção brasileira.

Entre os "mais pobres" (gru­po constituído pelos "20% da população com menor renda", segundo o MEC), 4,2% dos jo­vens de 18 a 24 anos cursaram uma faculdade em 2011. Em 2004, esse índice foi 0,6% e, em 1997, de 0,5% - o que reve­la a tendência de democratiza­ção no acesso ao ensino supe­rior. Entre os "mais ricos" (gru­po constituído pelos "20% da população com maior renda", segundo os critérios do MEC), a porcentagem dos jovens ma­triculados num curso de gra­duação passou de 22,9%, em 1997, para 47,1%, em 2011.

O Censo do Ensino Superior do MEC é apenas uma avalia­ção quantitativa desse nível de ensino. Por isso, ele não regis­tra o aprendizado dos universi­tários, que é medido pelo Ena- de. Mesmo assim, ao apresen­tar o Censo do Ensino Supe­rior, o ministro da Educação re­conheceu que há muitos pro­blemas a serem superados no setor e afirmou que, apesar do aumento no número de univer­sidades federais, muitas das no­vas instituições continuam apresentando deficiências gra­ves, em matéria de infraestrutura, corpo docente, laborató­rios e bibliotecas.