Título: Mudança no setor torna operação mais complexa
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/10/2012, Economia, p. B3

Usinas movidas a biomassa, painéis solares, parques eólicos e hidrelétricas distantes dos grandes centros de consumo elevam o número de ocorrências

As mudanças no perfil do setor elétrico, coma inserção de novas fontes de eletricidade, tornaram a operação do sistema de transmissão mais complexa. Estudo feito pelo Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP) mostra que a entrada de usinas a biomassa, painéis solares, parques eólicos e hidrelétricas distantes dos grandes centros de consumo ajuda a aumentar o número de ocorrências no sistema de transmissão. No caso das fontes alternativas, a explicação está na quantidade de pequenas unidades que entram e saem do sistema com maior frequência, exigem mais manobras na operação e deixam o sistema mais exposto a falhas. “No passado, tínhamos grandes hidrelétricas, grandes termoelétricas e grandes linhas de transmissão. Era mais fácil operar o sistema. De tempos pra cá isso mudou”, avalia o professor da USP, Ildo Sauer, que acaba de criar na universidade o Centro de Inovação em Qualidade, Confiabilidade e Controlabilidade do Sistema de Energia Elétrica. Ele conta que a construção das hidrelétricas de Belo Monte, Jirau e Santo Antônio, no Norte do País, também vai exigir mais atenção do Operador Nacional do Sistema (ONS).A energia produzida por essas usinas terá de percorrer 2.500 quilômetros (km) de distância até chegar ao Sudeste. Se não houver controle rígido, os desligamentos na linha poderão provocar efeito cascata em todo o sistema, a exemplo do linhão de Itaipu. O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, destaca que, quando essas linhas começarem a funcionar, será necessário fazer “esquemas e dimensionar medidas de proteção, de forma que a perda não se propague”. De acordo com o trabalho da USP, outro fator que tem contribuído para mexer com o sistema elétrico é a mudança na natureza da carga. Equipamentos elétricos com novas tecnologias, e até mesmo as lâmpadas fluorescentes, produzem distorções na corrente e tensão elétrica. “Há uma mudança de paradigma no sistema que exigirá uma organização maior e uma atuação preventiva. Sem isso, os apagões vão continuar ou até mesmo aumentar”, avalia o professor.