Título: Decisão levou em conta impacto sobre a inflação
Autor: Froufe, Célia ; Fernandes, Adriana
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/10/2012, Economia, p. B3

Suspensão da redução do IPI para veículos no fim deste mês poderia provocar aumentos de preços e elevar o IPCA, disse o ministro Mantega

Além de estimular a venda de automóveis e contribuir para a expansão da atividade econômica, a decisão do governo de prorrogar a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para as montadoras até o fim do ano tem como foco o controle da inflação. "Sempre que pudermos contribuir para baixar a inflação, estaremos contribuindo", admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Para o ministro, se a desoneração fosse suspensa no fim deste mês, provavelmente as empresas iriam aumentar os preços dos veículos, repassando a elevação do imposto para o consumidor final. "Não queremos ver uma subida de preços neste final de ano. Queremos que os preços continuem baixos", disse Mantega.

Economistas do governo chegaram a estimar que o fim do IPI reduzido poderia contribuir para a inflação este ano se aproximar de 6%. O cálculo serviu de argumento adicional para a prorrogação do benefício.

Há uma semana, o Estado já havia adiantado a intenção do Palácio do Planalto de dar continuidade à desoneração. Cálculos de analistas consultados pela Agência Estado apontaram que o fim da medida teria um impacto de até 0,30 ponto porcentual sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano.

Na avaliação de Mantega, a "boa reação" do setor à renovação da isenção em setembro e outubro foi determinante para a continuidade do benefício no último bimestre de 2012. "Renovamos a redução do IPI para que a indústria continue vendendo bem e continue anunciando e fazendo investimentos."

Ampliação. No último mês, montadoras anunciaram novos planos de investimentos em fábricas no País ou tiraram da gaveta propostas que estavam suspensas, à espera das regras do novo regime automotivo, que passa a vigorar em 2013.

Mantega enfatizou que quer ver uma ampliação do setor no Brasil, mesmo em um momento em que há fechamento de fábricas em países desenvolvidos. "Queremos que a indústria automobilística no Brasil cresça indiferente à crise que afeta as outras economias."

A renúncia do governo com a extensão da medida para novembro e dezembro foi calculada em R$ 800 milhões. Apesar disso, Mantega disse que não está preocupado com o impacto para os cofres públicos porque, com o aumento esperado das vendas, há um incremento de arrecadação de outros tributos, como PIS e Cofins. Ele citou também o ICMS, que fica com os Estados. "Então, há uma compensação e, fundamentalmente, se garante que as empresas continuarão aumentando o emprego."

O ministro salientou que o Brasil é um dos poucos países que mantêm a expansão do emprego e que, até a indústria de transformação - uma das mais afetadas pela crise internacional - já dá sinais de recuperação. Segundo ele, esta é a última oportunidade para quem quer comprar carro sem impostos, mas deixou a porta aberta para futuras atuações. "Provavelmente é a ultima (prorrogação de desoneração)."