Título: Envolvidos no caso dos sanguessugas têm nova denúncia
Autor: Marcelo Portela
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2012, Nacional, p. A14

Acusados de envolvimento no es­cândalo dos sanguessugas têm mais um problema com o Judiciá­rio. O Ministério Público Fede­ral em Governador Valadares (MG) entrou com ação contra o deputado federal João Maga­lhães (PMDB) e o empresário Luiz Antônio Vedoin por supos­to envolvimento em um esque­ma de desvio de recursos fede­rais na compra superfaturada de equipamentos e veículo para in­clusão digital no município. Além deles, foram denunciados também o ex-prefeito de Valada­res e atual deputado estadual Bo­nifácio Mourão (PSDB) e um fun­cionário da prefeitura.

Segundo o MPF, o esquema funcionou exatamente da mes­ma forma que o escândalo dos sanguessugas deflagrado em 2006, após operação da Polícia Federal, que consistia no desvio de verbas do Ministério da Saú­de destinadas à aquisição de am­bulâncias e equipamentos médi­cos para municípios por meio de emendas apresentadas por parla­mentares. A diferença é que nes­te caso os recursos eram do Mi­nistério das Comunicações, des­tinados a uma unidade móvel, com ônibus adaptado, para o en­sino de informática.

De acordo com a ação, Vedoin, proprietário da Planam, contou à Justiça que foi informado por João Magalhães de que havia uma dotação orçamentária na pasta de R$5 350 mil e que o parla­mentar "vendeu" emenda para li­beração dos recursos e indicou pessoas para intermediar a nego­ciação com a prefeitura de Gover­nador Valadares. Vedoin disse ainda que pagou pessoalmente R$ 42 mil a João Magalhães pelos "serviços prestados".

Na ação, o MPF afirma que, além de conseguir a liberação dos recursos, o grupo também fraudou a licitação municipal, O processo foi vencido pela Planam com proposta de R$ 349 mil. A Controladoria-Geral da União constatou ainda que os valores pagos pela prefeitura à Planam tinham sobrepreço de até 547% em relação aos preços de mercado.

Em 2010, ao fiscalizar o uso da verba, o Ministério das Comuni­cações descobriu que o ônibus estava parado por falta de manu­tenção e os equipamentos, sem funcionar. "O procedimento licitatório foi fraudado; o objeto lici­tado foi adquirido por preço bem superior ao de mercado; o objeto do convênio não foi aten­dido, e, desde 2008, três anos após sua aquisição, o ônibus de inclusão digital estava abandona­do no pátio da Secretaria Munici­pal de Obras", sustenta a ação.