Título: BNDES financiará pacote de portos e aeroportos
Autor: Mendes, Vannildo
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/10/2012, Economia, p. B4

Pelo menos dois terço de todos os investimentos previstos serão bancados pela instituição, afirmou o presidente do banco, Luciano Coutinho

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai financiar dois terços de todos os investimentos previstos no plano de concessões de portos e aeroportos, que o governo deve lançar em novembro.

Segundo o presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho, a decisão é "participar pesadamente do financiamento das infraestruturas de logística" do País. Essa participação também inclui a concessão de empréstimos para obras em rodovias e ferrovias.

"Deveremos financiar um porcentual importante, dois terços em média, de todo o investimento em portos e aeroportos", enfatizou o executivo ontem, após participar de solenidade no Palácio do Planalto. "São infraestruturas que têm um prazo de maturação relativamente longo e demandam um crédito de longo prazo", explicou.

Coutinho estima que a emissão de títulos (debêntures) para financiar projetos de infraestrutura poderá girar de R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões no próximo ano. "Acho que o potencial de emissão de debêntures para infraestrutura é muito grande, já a partir do próximo ano", afirmou.

Incentivos. A primeira etapa do programa de logística, lançada em agosto pela presidente Dilma Rousseff, trata das concessões de ferrovias e rodovias. O plano do governo prevê um total de R$ 133 bilhões em investimentos num período de 25 anos. Agora será a vez dos portos e aeroportos. O plano tem por objetivo incentivar investimentos públicos e privados na infraestrutura do País.

Os ajustes feitos pelo governo nas regras sobre a emissão desse tipo de papel devem ajudar a aumentar o apetite por esse tipo de mecanismo, usado para captar recursos no mercado financeiro. Os investidores que comprarem essas debêntures estão isentos do pagamento de Imposto de Renda.

"Essa lei foi aperfeiçoada e estamos em tratativas com bancos de investimentos e fundos de pensão, de maneira a tornar esse um instrumento de mobilização de poupança e de compartilhamento do financiamento de longo prazo junto com o BNDES", informou.

Coutinho ponderou que, com a queda da taxa de juros, os títulos do Tesouro Nacional passaram a oferecer rendimento mais baixo. Assim, tanto os fundos de investimento - para remunerar seus cotistas -, quanto os fundos de pensão, precisam buscar novas alternativas de rendimento mais alto. "E não há nada melhor do que os investimentos em infraestrutura", garantiu.

Segundo o presidente do BNDES, investimentos em rodovias, portos e aeroportos podem oferecer retorno com perfil de longo prazo e com risco relativamente baixo.

"O prazo dessas debêntures tem de ser, no mínimo, de quatro anos. Mas, idealmente, essas debêntures têm de ser compatíveis com os prazos dos investimentos", explicou. "Elas precisam ter prazos longos, senão todos os investimentos de longo prazo ficam por conta do BNDES, que já está sobrecarregado", completou.