Título: Furacão força 500 mil a saírem de suas casas e mobiliza candidatos nos EUA
Autor: Chrispim Marim, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 29/10/2012, Internacional, p. A8

O encontro do furacão Sandy com uma ampla frente fria no Nordeste dos EUA forçou on­tem a retirada de cerca de 500 mil pessoas de suas casas e criou um novo fato político a nove dias das eleições de 6 de novembro. O presidente ame­ricano, Barack Obama, foi colo­cado por Sandy em um inespe­rado teste de liderança que po­de decidir sua reeleição.

As campanhas mudaram seus planos para os próximos dias em função do furacão. Obama anteci­pou para a noite de ontem sua ida para Flórida. Na manhã de hoje, discursará em Youngstown, Ohio, e retornará a Washington para monitorar a chegada do Sandy. Seu programa inicial para amanhã - comícios em Virgínia e no Colorado - foi cancelado. O republicano Mitt Romney sus­pendeu três comícios em Virgí­nia, ontem, e foi para Ohio.

A própria passagem do Sandy pode atrapalhar o fluxo de votos antecipados, já em curso em 30 Estados. Desde sábado, a campa­nha democrata apela para seus eleitores da Costa Leste votarem antes da chegada da tempestade. Sandy afetará eleitores de quatro Estados onde a eleição presiden­cial continua indefinida - New Hampshire, Carolina do Norte, Virgínia e Ohio.""Obviamente, nós queremos acesso irrestrito às urnas porque achamos que, quan­to mais pessoas venham votar an­tes, melhor nós nos sairemos", afirmou David Axelrod, estrate­gista da campanha de Obama, em entrevista à rede CNN.

Para Obama, a imagem como líder será tão avaliada pela oposi­ção e pelo eleitorado quanto sua performance como candidato. "O presidente é o comandante-chefe. O povo americano olha para ele, e tenho certeza que ele se comportará e desempenhará seu papel de líder de maneira apro­priada. Imagino que isso pode aju­dá-lo um pouquinho", afirmou o senador John McCain, republica­no derrotado por Obama na elei­ção de 2008, na rede de TV CBS.

Obama visitou ontem a Agên­cia Federal de Gerenciamento de Emergências e prometeu uma "grande e rápida resposta" ao impacto da passagem do furacão, que atingirá uma região com cer­ca de 60 milhões de habitantes.

Na região do Caribe, Sandy pro­vocou 66 mortes. Ao alcançar o continente, associou-se a uma corrente vinda do Ártico e trans­formou-se em uma super tempes­tade híbrida apelidada de "Frankeinstorm". Com ventos de 120 km/h, deverá provocar inunda­ções e apagões em oito Estados e nevascas em Virgínia Ocidental, Kentucky e Ohio.

Ontem, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, orde­nou a retirada de 375 mil habitan­tes da região Sul da cidade, abriu 72 abrigos para acolhê-los e sus­pendeu as aulas de hoje. O gover­no do Estado de Nova York man­dou paralisar as linhas de trens e de metrô a partir das 19 horas (21h, no horário de Brasília) de ontem. Os ônibus circulariam apenas duas horas a mais.

Em Delaware, 50 mil pessoas deixaram suas casas. O governo de Nova Jersey também ordenou a retirada de pessoas de regiões e o fechamento de cassinos de Atlantic City. Mais de 700 voos foram cancelados ontem e ou­tros 2.500 serão suspensos hoje.

Em 2005, o presidente George W. Bush demorou a responder à passagem do furacão Katrina em Nova Orleans. As 1.833 mortes e o prejuízo de US$ 81 bilhões foram lembrados insistentemente pela campanha democrata em 2008.