Título: Norte e Nordeste ficam pelo menos 4 horas sem luz
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Fonte: O Estado de São Paulo, 27/10/2012, Economia, p. B4

Em cidades do interior, energia só voltou 8 horas após apagão; abastecimento de água também foi cortado

O apagão que atingiu todo o Nordeste e parte do Norte causou rombo milionário, colocou em risco a vida de pacientes internados em hospitais e deixou caótico o funcionamento de várias cidades. Quatro horas após o início do apagão, 30% dos afetados ainda estavam sem energia elétrica.

Em algumas cidades do interior da Bahia, por exemplo, a energia elétrica só foi restabelecida oito horas após o início do apagão. A falta de energia elétrica, segundo a Empresa Baiana de Água e Saneamento S.A. (Embasa), causou a paralisação do sistema de bombeamento que abastece Salvador. O sistema só deve voltar a operar normalmente no domingo. Em nota, porém, a Embasa informa que "o prazo pode ser estendido caso ocorra problemas no funcionamento de equipamentos da rede distribuidora, durante o reequilíbrio do sistema".

No Rio Grande do Norte, a paralisação do sistema de energia elétrica também afetou o sistema de abastecimento em Natal e no interior do Estado. As cidades abastecidas pela adutora Monsenhor Expedito só terão o completo restabelecimento no prazo de 72 horas.

Em Pernambuco, Recife, os problemas causados pelo apagão perduraram ao longo de quase todo o dia de ontem. Na região metropolitana, foram 17 bairros sem abastecimento de água. Cerca de 400 semáforos de trânsito deixaram de funcionar, prejudicando motoristas e pedestres, especialmente no começo da manhã, na capital.

Também durante a madrugada, o número de chamadas feitas para o Corpo de Bombeiros foi 12 vezes superior à média, chegando a 235 ligações. Pelo menos 50% dos chamados eram para pedir ajuda para a retirada de pessoas que haviam ficado presas em elevadores ou que sofreram pequenos acidentes em função da falta de energia.

Em Tocantins, todas as 492 mil unidades consumidoras ficaram sem energia.

Hospitais afetados. Em Aracaju, Sergipe, a falta de energia colocou em risco ao menos oito mulheres que estavam em trabalho de parto. O médico Manoel Marcos dos Santos fazia o parto de uma adolescente de 14 anos no momento do apagão. Ele conseguiu terminar a cesárea, mas, com medo de que uma das baterias do gerador falhasse, deixou o hospital para comprar uma nova.

O abastecimento de água foi prejudicado no Estado - 38 dos 75 municípios sergipanos tiveram o abastecimento interrompido.

Os hospitais do Ceará também foram afetados e deixaram de fazer cirurgias. Segundo a Associação dos Hospitais do Ceará, o prejuízo foi grande, mas "felizmente não teve vítimas fatais com o apagão". Por meio de nota, a direção do Hospital Geral de Fortaleza informou que, mesmo colocando geradores para funcionar, a carga não foi suficiente para realizar procedimentos médicos. "O gerador não foi capaz de suprir a energia, e os pacientes da emergência foram transferidos para outra ala em que não houve queda de energia. Não houve danos para os pacientes."

Rombo. Em São Luís, no Maranhão, a Alumar deixou de produzir 10 mil toneladas de alumina e 700 de alumínio com a queda no fornecimento de energia elétrica. O prejuízo chegou em R$ 2,5 milhões. O número de ocorrências de roubo de motocicletas disparou e apenas na Delegacia da Cidade Operária, um dos bairros mais populosos da capital, foram registrados três casos nas duas primeiras horas do apagão.

O apagão foi o segundo registrado no Estado em 35 dias. / TIAGO DÉCIMO, CARLOS MENDES, ANTÔNIO CARLOS GARCIA, ERNESTO BATISTA, MONICA BERNARDES, LAURIBERTO BRAGA, CÉLIA BRETAS TAHAN e ANA RUTH DANTAS / ESPECIAIS PARA O ESTADO