Título: Lula pede e partido adia manifesto de apoio a condenados
Autor: Gallo, Fernando ; Lupion, Bruno
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/11/2012, Nacional, p. A5

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu à cúpula do PT que adiasse a divulgação do manifesto do partido em defesa dos réus do mensalão. O argumento usado por Lula foi o de que qualquer crítica mais dura, nesse momento, poderia refletir nas decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que ainda não fixaram as penas dos condenados.

Além do pedido de Lula, transmitido a dirigentes do PT pelos ex-ministros Luiz Dulci e Paulo Vannuchi, não havia consenso na Executiva Nacional - reunida ontem, em São Paulo - sobre a conveniência de lançar agora uma nota com estocadas na direção do STF.

"Não temos de trazer uma pauta negativa para nós", afirmou o secretário de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR). "Mesmo com todos os ataques que sofremos na campanha eleitoral, somos vencedores."

O plano é divulgar uma nota curta, mesmo assim em tom mais ameno, somente depois que o STF estabelecer as penas para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha. Além deles, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da Câmara, foi condenado por corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.

Escrita pelo presidente do PT, Rui Falcão, a primeira versão do manifesto atacava a "politização" do julgamento do mensalão. O documento preliminar sustentava, ainda, que "teses" construídas pelo STF na Ação Penal 470 abandonaram a cultura do direito penal como garantidor das liberdades individuais. O texto também apontava a pressão da imprensa para influenciar no resultado do julgamento.

O Estado apurou que Falcão mostrou a primeira versão a Dirceu, a Genoino e aos líderes das correntes do PT. Começaram, então, a aparecer as divergências.

Genoino era o mais entusiasmado com a manifestação. Dirceu, no início, também ficou satisfeito com a solidariedade e não viu problemas na divulgação da nota, após as eleições. Mas foi convencido por seu advogado, José Luís Oliveira Lima, de que não era prudente o ataque ao STF antes da fixação das penas.