Título: Escutas levam juiz a manter ordem de prisão
Autor: Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/11/2012, Economia/2, p. B17

A descoberta sobre a arapongagem teve peso decisivo no decreto da Justiça Federal que manteve na prisão o banqueiro Luís Octávio Índio da Costa, capturado sob acusação de gestão fraudulenta de instituição financeira, crime contra o mercado de capitais e lavagem de dinheiro.

O juiz Márcio Ferro Catapani, da 2.ª Vara Criminal Federal, ordenou a prisão de Índio da Costa no dia 21 de outubro.

Catapani fundamentou a decisão de prisão do banqueiro e bloqueio de bens de ex-dirigentes "em razão da capacidade dos investigados de causar prejuízo efetivo à ordem pública, da existência de suspeitas de ação atual dos envolvidos para subtração de bens da ação do Estado e do risco do desfazimento de seu patrimônio, acarretando prejuízos para a ordem econômica e ao sistema penal".

Na semana passada, quando foi comunicado pela PF sobre as interceptações, Catapani decidiu manter Índio da Costa aprisionado - ele ocupa uma cela no Cadeião de Pinheiros.

O juiz levou em conta as gravações e deu mais 15 dias de prazo para a PF concluir o inquérito.

A procuradora da República Karen Louise Kahn está impressionada e indignada com o volume de fraudes. "Centenas de investidores perderam suas economias de uma vida inteira."

O juiz Catapani questionou Índio da Costa sobre os grampos. O banqueiro demonstrou surpresa. "Eu estaria grampeando minhas próprias conversas."

O criminalista Roberto Podval, que defende Índio da Costa, não se manifestou oficialmente sobre as interceptações. Disse apenas que a suspeita "é um absurdo, infundada". Podval está inconformado com a custódia imposta ao banqueiro. "Não existe a menor possibilidade ou risco de ele fugir ou tentar dilapidar seu patrimônio e está à disposição da Justiça para todos os atos necessários." / F.M.