Título: Panelaço antigoverno mobiliza argentinos
Autor: Palacios, Ariel
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2012, Intenacional, p. A21

Diversos setores da sociedade saíram às ruas em protesto contra a alta dos preços, corrupção e restrição ao dólar; apagão aumentou irritação

Centenas de milhares de argentinos em todo o país foram às ruas ontem à noite para realizar o maior panelaço dos últimos anos contra o governo da presidente Cristina Kirchner. Os manifestantes carregavam cartazes com os dizeres "liberdade", "imprensa livre", "respeito", "não à corrupção" e criticavam a política de confronto da presidente argentina.

Os manifestantes que não foram às ruas optaram por fazer os panelaços nas portas ou janelas de suas casas. O governo Kirchner tentou relativizar o peso do protesto e afirmou que não passava de um manifestação "paga pela ultradireita". Além disso, ampliou a segurança ao redor da Casa Rosada e da residência presidencial, diante da qual mais de 15 mil pessoas bateram panelas. O Obelisco, monumento símbolo de Buenos Aires, foi o principal ponto da manifestação. Milhares de pessoas marcharam pelas principais avenidas da capital para concentrar-se ali.

Dezenas de milhares de pessoas também se acotovelaram nas principais praças de Córdoba e Rosário, respectivamente, a segunda e a terceira cidades do país. Panelaços também ocorreram em Bariloche e Mendoza.

Os manifestantes contavam com um amplo leque de reclamações, que iam desde a escalada inflacionária, passando pelos escândalos de corrupção do governo Kirchner, até as restrições impostas pela presidente Cristina contra o dólar, moeda que foi o refúgio financeiro preferido dos argentinos nas últimas quatro décadas. A irritação popular aumentou na quarta-feira quando um mega-apagão afetou 3 milhões de pessoas em Buenos Aires e nos municípios da Grande Buenos Aires, provocando o colapso no trânsito da cidade.

O panelaço, convocado há várias semanas nas redes sociais, não teve uma liderança específica. Os partidos de oposição declararam simpatia pelos manifestantes, mas optaram por não participar ativamente dos protestos.