Título: Para BB, Votorantim deixará de ter prejuízo no 2º trimestre de 2013
Autor: Modé, Leandro
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2012, Economia, p. B6

Presidente do Votorantim, no entanto, evita dar prazo para reversão das perdas e diz que foco é "solidificar a organização"

A estratégia de bancos públicos e privados na concessão de crédito em 2012 é completamente distinta. Enquanto as instituições controladas pelo governo federal pisam no acelerador, os privados se seguram, em meio a uma expressiva alta da inadimplência. Talvez nenhum segmento simbolize tanto essas diferenças quanto o de veículos.

Enquanto Itaú, Bradesco e Santander diminuíram bastante o ímpeto nessa área em 2012, o Banco do Brasil dobrou o crédito de veículos, segundo o vice-presidente de negócios de varejo, Alexandre Abreu. A carteira passou de R$ 4,6 bilhões no primeiro trimestre deste ano para R$ 9,162 bilhões no fim de setembro.

Além de ir na contramão dos privados, a postura agressiva do BB nos veículos surpreende porque o banco Votorantim, do qual é sócio desde 2009, tem apurado prejuízos recorrentes. As perdas são fruto, justamente, de apostas erradas na área de veículos, seu principal negócio.

No terceiro trimestre, o Votorantim, isoladamente, teve prejuízo de R$ 497 milhões, ante R$ 536 milhões nos três meses anteriores. No acumulado do ano, as perdas superam R$ 1,6 bilhão.

O vice-presidente de finanças do BB, Ivan Monteiro, disse que o Votorantim deve atingir o break even (ponto de equilíbrio) no segundo trimestre de 2013.

Em conversa com o Estado, o presidente do Votorantim, João Teixeira, preferiu não estabelecer um prazo para que as perdas sejam revertidas. "Estamos mais focados em solidificar a organização, criando as bases para um crescimento sustentável no longo prazo", afirmou.

Apetite. Em razão da estratégia agressiva em 2012, a participação do BB no financiamento de veículos novos saltou de 3% para 16%. "O desempenho da carteira de crédito a veículos resume o que esperávamos conseguir com o programa Bompratodos, de juros menores, com inadimplência menor e aumento do saldo", diz Abreu.

Ele admitiu que os bancos privados estão começando a demonstrar maior apetite por ofertar crédito a veículos e que a competição deve aumentar nos próximos meses e em 2013.

Segundo o executivo, o modelo de liberação de recursos para a compra de automóveis nas agências está sendo seguido por outros bancos. "Ficamos seis meses praticamente sozinhos ofertando crédito a veículos nas agências. A competição deve aumentar e já estamos trabalhando com este cenário", avaliou.

Isso deve impedir que a carteira de veículos apresente o mesmo crescimento visto nos últimos seis meses, conforme o executivo. No entanto, ele destacou que o financiamento a veículos deve continuar a apresentar crescimento maior que as demais linhas. / L.M. e A.B.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 09/11/2012 05:56