Título: Produção industrial cai em 12 de 14 regiões
Autor: Nunes, Fernanda
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/11/2012, Economia, p. B7

Resultado negativo disseminado entre quase todas as regiões pesquisadas não ocorria desde dezembro de 2008; apenas Pará e o Nordeste escaparam

Em setembro, a indústria apresentou resultados negativos de produção de forma disseminada, o que não ocorria desde dezembro de 2008 nas regiões metropolitanas pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Assim como no auge da crise econômica, a produção caiu em 12 dos 14 locais, tanto em comparação com agosto quanto em comparação com o mesmo mês de 2011.

Apenas o Pará (2,6%) e o Nordeste (0%) escaparam das taxas negativas. O gerente da Pesquisa Industrial Mensal Produção Física - Regional (PIM-PF), André Macedo, disse que houve um número menor de dias úteis em setembro, além de ajustes de estoques por alguns setores e a antecipação da produção de veículos em agosto, por causa da desoneração do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Essas questões, segundo ele, explicam também a queda de 1,2% da indústria paulista.

Nesse período, os setores de máquinas e equipamentos, de alimentos e automotivo foram os principais responsáveis pela piora de São Paulo. Os fabricantes de máquinas foram afetados pelo desaquecimento da economia. A indústria de alimentos pela safra e as montadoras pela antecipação da produção do mês anterior, de recorde de vendas.

No Rio, a queda de 2,7% foi motivada, sobretudo, pela parada para manutenção de plataformas de petróleo, destacou Macedo. Um sinal de preocupação foram as taxas negativas no núcleo da indústria brasileira - São Paulo, Rio e Minas Gerais (-1,4%) - de agosto para setembro, alertou o economista da Unicamp Júlio Gomes de Almeida. "Isso demonstra que a queda da indústria não foi pontual, em uma ou outra região. O mesmo pode ser dito dos setores industriais. Houve um espalhamento entre as atividades."

Na contramão dos resultados negativos da maioria das regiões, o Pará produziu 2,6% mais em setembro do que em agosto. Mas a avaliação do técnico do IBGE é que o Estado acumula taxas negativas de meses anteriores, o que favorece a comparação estatística.

Apesar do quadro de taxas negativas entre as regiões, o cenário não anula o ciclo de recuperação da atividade industrial, avalia Macedo. Ele argumenta que, no trimestre, a produção industrial ainda é positiva, de 1% ante o segundo trimestre, após quatro trimestres negativos, que acumulam perda de 4,4%.

Oito dos 14 locais pesquisados produziram mais de julho a setembro do que no período de abril a junho. "Houve uma melhora nos últimos meses, mas ainda não o suficiente para superar perdas que haviam acontecido", ressaltou o técnico do IBGE.

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