Título: Com forte expansão do crédito, China cresce mais que o esperado em outubro
Autor: Bradsher, Keith
Fonte: O Estado de São Paulo, 10/11/2012, Economia/2, p. B25

Produção industrial cresceu 9,6% no mês em relação a outubro de 2011 e vendas no varejo subiram 14,5% na mesma base de comparação

A economia chinesa apresentou crescimento maior do que o esperado no mês passado e uma redução da inflação. As estatísticas divulgadas ontem indicam que o resultado se deve ao fato de o governo continuou concedendo um volume considerável de créditos por meio dos seus bancos estatais, com o objetivo de incentivar o crescimento.

Os dados mais recentes, que incluem produção industrial, vendas no varejo, investimentos em ativos fixos e geração de energia, foram mais consistentes do que previra a maioria dos economistas. Os números apresentaram o quadro vigoroso de uma economia que volta a ter crescimento real depois de uma primavera e um verão muito fracos.

O Departamento Nacional de Estatística da China disse ontem que a produção industrial subiu 9,6% em outubro em relação ao mesmo mês do ano passado, em comparação com 9,2% em setembro e 8,9% em agosto. As vendas no varejo subiram 14,5% em outubro em relação a um ano atrás, e em comparação aos 14,2% em setembro, embora a inflação menos acelerada no nível do consumo funcionasse como freio aos aumentos das vendas no varejo.

"Está se tornando cada vez mais claro que a economia chinesa agora está numa direção mais favorável", disse Zhou Xiaochuan, presidente do Banco Popular da China, o banco central, na quinta-feira, antes da divulgação dos números.

Surpresas. Os economistas concordam cada vez mais. "Os dados do crescimento de outubro apresentaram agradáveis surpresas de um aumento geral, com novas evidências de que a economia começa a se recuperar graças ao efeito do abrandamento da política adotado pelas autoridades de Pequim", escreveu ontem Sun Junwei, economista que analisa a China para o HSBC.

O crescimento baixou para 7,4% no terceiro trimestre e para 7,6% no segundo, de acordo com as estatísticas oficiais. Muitos economistas suspeitavam que até mesmo os dados do início deste ano pudessem ter sido exagerados, considerando a debilidade em categorias como geração de eletricidade, que mal cresceram no segundo trimestre e apenas lentamente no terceiro.

Nas siderúrgicas e nas fábricas de concreto, a atividade é mais intensa. A geração de energia cresceu 6,4% no mês passado em relação ao mesmo período de 2011, seu maior ganho desde março, embora ainda bem abaixo dos ganhos anuais de dois dígitos dos anos anteriores.

Mas o crescimento renovado foi alimentado por um rápido aumento da dívida, porque os bancos estatais e o banco central canalizaram centenas de bilhões de dólares em empréstimos adicionais a estatais e a agências do governo para financiar novos projetos de investimento.

A China começou a transição das lideranças que ocorre uma vez a cada década no Congresso do Partido, que começou em Pequim na quinta-feira e vai até a metade da semana que vem.