Título: Não dá pra fazer política goela abaixo
Autor: Monteiro, Tânia ; Warth, Anne
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/11/2012, Economia, p. B5

O secretário de Energia de São Paulo, José Aníbal, criticou a postura do governo na falta de abertura para discutir mudanças na Medida Provisória 579. "Não dá para fazer política goela abaixo", afirmou ele, reivindicando espaço para negociação. Segundo ele, a tarifa média definida para a Cesp, estatal do governo paulista, não remunera nem custos de operação e manutenção (O&M).

Como foram as conversas no Congresso?

Foram boas. Reduzir preço de energia tem um custo e este custo precisa ser bem trabalhado, negociado para que haja convergência no objetivo maior. Caso contrário, não dá. Isso é uma Federação. Não dá para fazer política goela abaixo. Tem de conversar, ter disposição de ouvir e rever alguns pontos. Se continuar com essa intransigência, o resultado será menos produtivo e satisfatório do ponto de vista de preço de energia. A CTEEP já disse que não vai renovar a concessão. A Cemig deve entrar na Justiça por causa de três usinas. E São Paulo está pedindo para rever a disponibilidade para remunerar os ativos não remunerados.

As tarifas definidas para a Cesp foram adequadas?

Não. A tarifa média de R$ 7,42 não remunera nem O&M (operação e manutenção). Não sei onde esses caras estão com a cabeça.

Onde está o erro?

Eles erraram em tudo. Erraram na precipitação do processo, pois tinham de ter feito audiência pública. Agora está essa bagunça toda. Erraram na calibragem e erraram na distribuição dos custos para redução de energia. E ainda tem uma conta de ICMS de R$ 5,5 bi por causa da redução das tarifas.

Nas condições atuais, a Cesp renova ou não as concessões?

Não estamos com pressa. São Paulo está bem. Queremos conversar para convergir no preço da energia. Mas do jeito que o governo está fazendo está difícil.