Título: Troica pede mais 2 anos para ajustes da Grécia
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/11/2012, Economia, p. B12

Rascunho do relatório dos credores internacionais do país sugere ainda que os gregos vão precisar de ajuda extra de 32,6 bilhões

O rascunho do relatório dos representantes dos credores multilaterais da Grécia diz que o país deveria ter dois anos a mais para cumprir suas metas fiscais e ressalva que a recessão, mais profunda do que se esperava, e as demoras no programa grego de privatizações significam que os credores terão de ajudar a cobrir um déficit financeiro crescente ao longo dos próximos quatro anos.

Segundo o rascunho do relatório da troica, formada por Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE), a Grécia precisará de cerca de 32,6 bilhões em ajuda adicional para o período até 2016. "Um déficit financeiro emergiu no programa, por causa de receitas menores com privatizações, crescimento mais lento e arrecadação concomitantemente mais baixa, e um horizonte mais largo para corrigir os déficits excessivos", diz o documento.

O texto, apresentado na reunião dos ministros de Finanças dos países da zona do euro em Bruxelas, diz que "manter o período original de ajuste de dois anos implicaria um elevado esforço anual de consolidação, que não seria realista, e complicaria a recessão no curto prazo. Nesse cenário, a trajetória de ajuste fiscal foi estendida em dois anos, envolvendo uma redução da meta para o superávit primário para 2014 de 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para 1,5% do PIB, e um ajuste anual uniforme de 1,5% do PIB até que um superávit primário de 4,5% do PIB seja alcançado em 2016".

A reunião em Bruxelas foi convocada para revisar o andamento do programa de reformas da Grécia até agora e acontece logo depois de o Parlamento grego aprovar uma nova rodada de medidas de austeridade, no valor de 13,5 bilhões, na quarta-feira passada, e o orçamento de 2013 neste domingo. A aprovação das duas medidas eram uma precondição para a Grécia receber a próxima parcela de 31,5 bilhões do programa de crédito de 173 bilhões concedido ao país.

Debate. Para a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, os credores oficiais da Grécia precisam encontrar uma "solução real" para a situação fiscal e econômica do país e não uma solução temporária. Segundo ela, os credores agora precisam se equiparar aos esforços de reforma da Grécia. "A Grécia tem feito um tremendo esforço e tem mostrado determinação verdadeira. Agora é a vez de os credores fazerem o mesmo", disse Lagarde a caminho da reunião dos ministros de Finanças.

O ministro de Finanças da Bélgica, Steven Vanackere, afirmou concorda que a Grécia deve ter mais tempo para colocar suas finanças em ordem diante das notícias positivas preliminares da troica. "A troica relata conversação de um modo fundamentalmente positivo, o que significa que nós também precisamos olhar se, dentro dos instrumentos existentes, podemos dar à Grécia uma certa quantia de tempo para resolver suas finanças."

Por sua vez, para a ministra das Finanças da Áustria, Maria Fekter, "mais tempo para a Grécia significa mais dinheiro. "Eu não consigo imaginar que outros países pedirão para seus contribuintes mais dinheiro e para seus Parlamentos discutirem novos pacotes de ajuda." / DOW JONES NEWSWIRES