Título: Em outubro, acentuou-se o ritmo de queda dos juros
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2012, Economia, p. B2

Acentuou-se, em outubro, a queda dos juros ativos - cobrados dos tomadores -, segundo a pesquisa mensal da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). O custo dos empréstimos, em geral, continua sendo elevado, mas, mantida a tendência de queda, a médio e a longo prazos o crédito será mais benigno para os tomadores.

Entre setembro e outubro, a taxa média de juros para as pessoas físicas recuou de 5,81% ao mês (96,93% ao ano) para 5,34% ao mês (90,12% ao ano). A maior queda ocorreu nas operações do rotativo do cartão de crédito, de 10,41% ao mês para 9,37% ao mês, influenciando a média geral. Também cedeu o custo dos empréstimos pessoais das financeiras e dos bancos. Cabe reconhecer que a ofensiva dos bancos públicos para baixar juros - tornada possível com a liberação de mais recursos públicos para o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal - começa a surtir um efeito mais pronunciado.

O impacto foi menor para as pessoas jurídicas: para estas, o custo médio caiu 4,23% ao ano entre setembro e outubro (de 47,81% para 45,43%), enquanto para as pessoas físicas declinou 5,34%.

Mas cabe notar que a política de queda de juros ainda não surtiu os efeitos esperados. A redução teve pouco impacto sobre o ritmo da atividade, mostrou o indicador IBC-Br, do Banco Central. A maioria dos tomadores de empréstimos parece evitar um aumento forte do endividamento, até que se desanuvie o cenário econômico e haja mais certeza sobre a manutenção do poder de compra do salário, corroído pela inflação.

Ao mesmo tempo, as aplicações financeiras rendem juros baixíssimos - ou negativos, em termos reais -, o que induz a mudanças de comportamento dos consumidores. Muitas vezes, aqueles que dispõem de reservas dão preferência a reduzi-las, quando precisam adquirir bens, pagando à vista o que necessitam. Isso mantém relativamente fraca a demanda por crédito, estimulando a competição entre os bancos e, afinal, explicando por que o mais provável é a continuidade da queda de juros.

Tradicionalmente, os consumidores de menor renda olham mais o valor da prestação do que os juros para comprar um bem financiado. Mas, à medida que se educam financeiramente, tendem a ser mais cautelosos. Se esse comportamento cuidadoso se generalizar, uma queda mais forte dos juros será provável, o que acabará por favorecer também a diminuição da inadimplência (citada pelos bancos para justificar o juro alto).