Título: Dólar sobe e fica perto do nível mais alto em 3 anos
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/11/2012, Economia, p. B5

Moeda americana vai a R$ 2,08 e acumula valorização de 2,5% no mês e 11,3% no ano; analistas e investidores aguardam intervenção do BC

Em uma sexta-feira marcada pela fraca liquidez, em razão da emenda do feriado prolongado, o dólar voltou a subir e se aproximou do nível mais alto em três anos. A moeda americana avançou 0,63%, para R$ 2,080, maior valor desde junho. Por questão de milésimos, não voltou aos níveis de 2009. Em novembro, o dólar acumula valorização de 2,5% e, no ano todo, de 11,3%.

As recentes elevações deixaram analistas e investidores atentos aos movimentos do Banco Central (BC). Como tem sido praxe nos últimos dias, a autoridade não entrou no mercado de câmbio ontem.

Além do volume de negócios menor do que o normal, pesou sobre o mercado a incerteza sobre a questão fiscal dos Estados Unidos. Ontem, líderes republicanos se mostraram abertos a um acordo sobre o assunto depois de uma reunião com o presidente reeleito, Barack Obama.

"Acendeu o alerta vermelho. O BC com certeza está acompanhando de perto a moeda e pode atuar", afirmou o operador de câmbio da Intercam Corretora Glauber Romano, acrescentando que a autoridade a deve defender o teto informal de R$ 2,10, última vez em atuou no mercado vendendo dólares.

"Os problemas são os mesmos, os Estados Unidos continuam com a questão fiscal e a zona do euro continua em uma situação ruim, fazendo essa alta continuar", acrescentou.

A última vez em que a autoridade realizou swap cambial tradicional - equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro - foi no fim de junho, quando o dólar chegou a bater R$ 2,10 nas negociações durante o dia.

Operadores acreditavam que, próximo do nível de R$ 2,08, o BC já poderia atuar. "Tinha uma expectativa no mercado em relação a R$ 2,08. Não descarto que o BC atue diante de uma alta persistente ou movimento mais abrupto, mas hoje (ontem) foi um dia de baixa liquidez", disse o consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi, Mauricio Nakahodo.

A expectativa de que o BC atue para segurar a alta da moeda americana é amparada, principalmente, nos efeitos da desvalorização cambial na inflação - movimento tecnicamente conhecido como pass-through.

O baixo volume de negócios na sexta-feira pode ter potencializado os movimentos. O feriado da Proclamação da República na quinta-feira e outro feriado na terça-feira nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro (Dia da Consciência Negra) estão limitando a liquidez dos mercados brasileiros.

No exterior, as preocupações com os cortes de gastos e aumento de impostos automáticos que vão ocorrer no início do ano que vem nos EUA, o chamado abismo fiscal, estão no foco dos mercados nos últimos dias e têm sustentado a alta do dólar, com temores de que o Congresso não chegue rapidamente a um acordo para resolver a questão.

Ontem, no entanto, Obama esteve com líderes do Congresso e os republicanos saíram do encontro afirmando que estão preparados para concordar com receitas adicionais para evitar o abismo fiscal, desde que haja também reduções nos gastos.

Após as declarações, as bolsas americanas passaram a subir, mas o impacto não foi suficiente para trazer grande alívio para as moedas. O Índice Dow Jones, o mais tradicional da Bolsa de Nova York, subiu 0,37% e a bolsa eletrônica Nasdaq, 0,57%.

O mercado também mostrava preocupação com a Europa que, pela segunda vez desde 2009, entrou em recessão. O dado foi divulgado oficialmente na quinta-feira. / REUTERS e AE

--------------------------------------------------------------------------------