Título: Ranking reflete política atrasada, diz administrador de Paranaguá
Autor: Pereira, Renée
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2012, Economia, p. B6

Luiz Henrique Dividino e outros empresários estão confiantes de que pacote que governo lançará dê um novo rumo aos portos

A nota do Porto de Paranaguá, umas das principais portas de saída da soja brasileira, melhorou em relação aos anos de 2007 e 2009. Mas, a exemplo do Porto de Santos, perdeu posições no ranking do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos). Em 2007, ocupava a 4.ª posição, caiu para 7.ª em 2009 e agora está em 9.º lugar. Em contrapartida, Itaguaí, no Rio de Janeiro, que em 2007 estava na 6.ª posição, hoje tem a segunda melhor nota atribuída pelos clientes.

Na avaliação do superintendente de portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino, as notas dadas aos terminais brasileiros são resultado de uma política adotada para o setor nos últimos 50 anos. "Os portos se desenvolveram em alguns momentos e em outros não foram tratados como estratégicos para o País. Agora, precisamos de um tratamento de choque." A expectativa de Dividino e de outros empresários brasileiros é que pacote que o governo deverá lançar nas próximas semanas dê um novo rumo para os portos, consiga desburocratizar e desobstruir as dificuldades de operação.

Dividino destaca que em Paranaguá - conhecido pelas imensas filas de caminhões nas rodovias no período da safra -, as carências são reflexo de uma filosofia adotada durante muito tempo pelas administrações passadas. "Havia discussão do que deveria ser público e privado. Nesse debate não se fez nada, nem público nem privado."

Para tentar reverter o atraso e aumentar a capacidade do porto (hoje em 92%), ele lançou neste ano um plano de desenvolvimento, que promete um grande programa de arrendamento de áreas. "Vamos licitar 20 empreendimentos dentro do porto organizado. A expectativa de investimento é da ordem de R$ 1,8 bilhão." O programa ainda depende de autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e da Secretaria de Portos (SEP).

Principal reclamação. Ao contrário do que ocorreu nas pesquisas anteriores, o problema mais destacado pelos clientes dos portos foram as exigências burocráticas, apesar do início da implementação do Porto sem Papel, um programa do governo federal que pretende simplificar o processo de embarque e desembarque das mercadorias por meio eletrônico.

Para se ter ideia, cada embarcação exige 112 formulários, preenchidos em diversas vias, com 935 informações entregues em 6 órgãos diferentes. Só em Santos, antes da implementação do programa, eram consumidos cerca de 17 toneladas de papel por ano.

O Porto sem Papel já está funcionamento em alguns portos brasileiros, mas ainda há muitos avanços que precisam ser feitos. Exemplo disso é que a burocracia recebeu 61% dos votos. /R.P.