Título: EUA ameaçam agir caso Assad use armamento químico
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Fonte: O Estado de São Paulo, 04/12/2012, Internacional, p. A10

Hillary reforça pedido para instalação de defesa antiaérea na fronteira entre Turquia e Síria, que Otan deve aprovar hoje

Informações de inteligência dos EUA e de Israel detectaram que as forças do ditador sírio, Bashar Assad, movimentaram armas químicas nos últimos dias - o que causou receio de que o governo de Damasco possa usar esse tipo de armamento contra os rebeldes que tentam derrubá-lo desde março de 2011.

Um funcionário americano disse sob a condição de anonimato que o regime sírio estaria combinando os precursores de uma arma química, possivelmente o gás sarin - que ataca o sistema nervoso, causa insuficiência respiratória e até a morte.

O presidente americano, Barack Obama, advertiu ontem o governo sírio que seria "um erro trágico" que teria "consequências" um ataque com armas químicas contra a população. "Não podemos permitir que o século 21 seja ensombrecido pelas piores armas do século 20", declarou. Horas antes, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, advertiu que se ataques do gênero ocorrerem na Síria, Washington "entrará em ação".

"Isso é um limite para os EUA. Não entrarei em detalhes sobre o que nós faríamos diante de evidências confiáveis de que o regime de Assad tenha recorrido ao uso de armas químicas contra o próprio povo. Mas basta dizer que certamente estamos planejando entrar em ação caso isso ocorra", afirmou Hillary em Praga.

A resposta de Damasco veio rapidamente: "A Síria enfatizou repetidamente que não usará esse tipo de armamento (...) sob nenhuma circunstância contra seu povo", afirmou a chancelaria de Damasco.

Hillary disse ainda ter esperança de que a Otan instale mísseis de defesa antiaérea na fronteira da Turquia com a Síria, atendendo ao pedido de Ancara.

O porta-voz da chancelaria síria, Jihad Makdissi, o principal interlocutor de Assad, abandonou o regime. Funcionários do governo libanês afirmaram ontem que ele deixou a Síria rumo à Grã-Bretanha, onde trabalhava antes da insurreição. / NYT e AP