Título: A construção civil ainda vai demorar para reagir
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Fonte: O Estado de São Paulo, 02/12/2012, Economia, p. B2

As expectativas dos empresários da construção civil pioraram, segundo a Sondagem Nacional da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI). A pesquisa mostrou que não há reação positiva nas expectativas desde maio - e em novembro o indicador, de 55,2 pontos, foi inferior em 2,3 pontos ao de outubro. Ambos ficaram acima dos 50 pontos, que indicam o campo positivo, mas em declínio. Uma retomada mais forte está, provavelmente, adiada para meados do ano que vem.

O setor de construção depende muito da incorporação de edifícios, afetada pela desaceleração do ritmo de crescimento da economia, elevando os riscos de novos lançamentos. Não basta, para a recuperação, que os níveis de emprego e de consumo sejam satisfatórios, pois o ciclo de construção é longo e as empresas querem evitar as dificuldades do último biênio, como atrasos e alta de custos. A prioridade é concluir as obras e entregar as unidades.

Além disso, apesar da diminuição da atividade econômica, não caíram nem os preços dos terrenos nas metrópoles nem o custo da mão de obra - ao contrário, estes continuam aumentando, embora em ritmo mais lento do que em 2011. Os preços pedidos do m2 ainda sobem e os compradores de classe média alta tornam-se mais cautelosos, adiando a decisão de comprar. Nas faixas de menor renda, há mais dificuldades para encontrar imóveis com custo acessível, em bairros próximos.

A situação atual da atividade é pior para as pequenas empresas, que começam a cortar pessoal, o que não ocorre nas médias e grandes companhias. Não se pode falar em crise, mas a construção civil - setor-chave da economia, pois a produção de um imóvel envolve centenas de agentes econômicos - já não contrata tanto como em 2010 e 2011, segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). As Contas Nacionais do terceiro trimestre, divulgadas pelo IBGE, confirmaram a perda de ritmo do setor.

Não há, como no passado, falta de crédito: em outubro, segundo o Banco Central, os empréstimos imobiliários aumentaram 2,7%, em relação a setembro, e 37,8%, em relação a outubro de 2011. A captação das cadernetas de poupança registrou alta líquida de mais de R$ 27 bilhões, entre janeiro e outubro, ante R$ 9,4 bilhões no ano passado.

O principal aspecto positivo é a queda de juros, cujo efeito tende a ser muito favorável para a construção civil, no médio e no longo prazos, o que permite supor que as dificuldades presentes são transitórias.