Título: PF investiga Rose e irmãos Vieira por suspeita de lavagem
Autor: Boghossian, Bruno ; Macedo, Fausto
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2012, Nacional, p. A14

Polícia apura se imóveis e outros bens adquiridos pelo grupo de forma irregular foram dissimulados para dificultar rastreamento

A Polícia Federal vai abrir in­quérito para investigar por la­vagem de dinheiro a ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rose­mary Noronha, e outras pes­soas investigadas pela Opera­ção Porto Seguro - suposto es­quema de compra de parece­res técnicos de órgãos públi­cos para beneficiar empresas.

A PF suspeita que bens adquiri­dos de forma ilícita, a partir de atos de corrupção, teriam sido ocultados ou dissimulados pela organização integrada por Rose e Paulo Vieira, ex-diretor da Agên­cia Nacional de Águas (ANA) apontado como chefe do grupo. Em ofício enviado à Justiça Fede­ral, o delegado Ricardo Hiroshi, que preside o inquérito da Porto Seguro, pediu e obteve autoriza­ção para abrir uma apuração espe­cífica sobre lavagem de dinheiro.

Rose j á foi indiciada por outros quatro crimes: corrupção passi­va, tráfico de influência, falsida­de ideológica e formação de qua­drilha. A PF enquadrou Paulo Vieira nos crimes de corrupção ativa, falsidade ideológica, falsifi­cação de documento particular e formação de quadrilha.

Nos relatórios da operação, os investigadores anotaram que Vieira registrou carros e imóveis em nome de parentes e funcioná­rios. Há dez dias, o Estado reve­lou que Rosemary usava um Mit­subishi Pajero TR4 que perten­cia à suposta quadrilha. Hoje, o veículo é avaliado em R$ 55 mil. Vieira também seria o dono de um apartamento em Brasília re­gistrado no nome de seu irmão Marcelo e de outro, em Ubatuba (SP), no nome de sua mulher.

"Alguns dos bens apontados não estão registrados em nome do investigado (Paulo Vieira), mas foram reunidos indícios de que poderiam ter sido pagos por ele (ou por sua ordem) ou regis­trados em nomes de pessoas pró­ximas a ele, por sua determina­ção", anotaram os policiais.

O delegado responsável pela in­vestigação pediu que a Justiça autorize o uso policial dos carros apreendidos na operação e de um apartamento em São Paulo. Se­gundo o inquérito, há "claras evi­dências de que tais bens foram adquiridos como produtos dos crimes praticados e apurados".

Fiat nos Jardins. O inquérito pede especificamente o seques­tro de um flat adquirido por Viei­ra na Alameda Lorena, nos Jar­dins, bairro nobre da capital pau­lista. E-mails interceptados du­rante a operação revelam que o apartamento foi comprado em abril de 2010 por R$ 192 mil. Viei­ra pediu à corretora que a escritu­ra fosse feita em seu nome e que fosse informado no documento o valor de R$ 80 mil.

Paulo também registrou Lim Land Rover, comprado por R$ 300 mil, no nome de Patrícia Bap­tistella, diretora da faculdade de sua família. Um telefonema grava­do pela operação indica que Viei­ra tentava evitar que o acúmulo de bens levantasse suspeitas so­bre ele. A PF apura o enriqueci­mento ilícito de Vieira e seus ir­mãos. Um e-mail interceptado em junho revela que Paulo é sócio da Pi Serviços Gerais, que teve um faturamento de R$ 1,1 milhão de agosto de 2011 a maio de 2012.

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