Título: Para Tesouro, câmbio atual é mais realista
Autor: Cucolo, Eduardo ; Froufer, Célia
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/12/2012, Economia, p. B4

O secretário do Tesouro, Arno Augustin, afirmou ontem que a atual taxa de câmbio é mais realista, depois de o real ter permanecido excessivamente valorizado.

Ele também reforçou que o governo não tem uma meta determinada para o câmbio.

"O real vinha excessivamente valorizado e esse câmbio atual é mais realista. Não vamos ter um grande impacto inflacionário pelo câmbio", disse ele em evento em São Paulo.

"A crise traz efeitos negativos para o crescimento, mas conseguimos usar parte desses efeitos negativos para criar oportunidades", afirmou ele. "O efeito negativo do câmbio já veio, numa segunda etapa o câmbio tem um efeito positivo. Estamos positivos para 2013", completou o secretário do Tesouro.

Depois de o câmbio passar os primeiros meses do ano na faixa de R$ 1,70 por dólar a R$ 1,80 por dólar, medidas adotadas pelo governo e algumas atuações do Banco Central levaram a moeda norte-americana ao patamar de R$ 2.

Tensão. Diante do nervosismo com números fracos da economia brasileira e com uma demanda maior por dólares, natural no final do ano, a moeda norte-americana se aproximou do nível de R$ 2,14 no final de novembro.

A moeda, porém, passou a retroceder após o Banco Central intervir, culminando na última sexta-feira com uma pesquisa de demanda de dólares.

Isso levou o mercado a interpretar a ação como uma possível defesa do teto informal de R$ 2,10, algo reforçado na segunda-feira por declarações do diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes.

Gordura. Na avaliação de Aldo, há "um pouco de gordura" na taxa de câmbio neste momento e que ela está acima do modelo calculado pela instituição.

Augustin afirmou ainda na manhã de ontem que não há uma mudança de estratégia no câmbio, e que o governo tem como um de seus objetivos reduzir a volatilidade.

"Não achamos bom uma volatilidade excessiva e o BC faz um trabalho magnífico sobre isso, olhando as entradas e saídas. O governo não tem patamar, não tem meta do câmbio", disse. / REUTERS