Título: Sem esboçar reação, empresário é preso dias antes do casamento
Autor: Rizzo, Alana
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Nacional, p. A4

Cachoeira achava que estaria livre até o fim do ano; ele e a noiva Andressa preparavam festa para matrimônio, no dia 22

especial para O estado goiânia

O empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Ca­choeira, estava em sua casa, no condomínio de luxo em Goiânia (GO), quando a policia chegou. "Foi um susto, uma decepção pa­ra ele", disse um dos seus irmãos. Segundo ele, Cachoeira acredita­va que estaria livre pelo menos até o período de festas de fim do ano.

Durante a prisão, no entanto, o empresário não esboçou reação, segundo um delegado que acom­panhou toda a operação. Mas só entendeu que se tratava de uma nova prisão quando estava sendo levado no carro da polícia. Trans­portado para a carceragem da Su­perintendência da Polícia Fede­ral, no bairro de Serrinha, não re­cebeu visitas até as 19 horas. A família de Cachoeira acredita que um novo habeas corpus po­derá livrar o empresário da pri­são, para passar o fim de ano em sua casa. Com casamento marca­do para o próximo dia 22, em Goiânia, ele e sua namorada An­dressa Mendonça preparam a fes­ta e a lista de convidados.

Cachoeira foi preso no dia 29 de fevereiro, quando foi levado para o presídio de Mossoró( RN). Lá, ele recebia a visita da mulher, Andressa a cada dez dias. Transferido para a Papuda (DF), ficou 266 dias em Brasília. Após ser solto no dia 20 de no­vembro, passou cinco dias inter­nado em um hospital de Goiânia com uma crise depressiva.

"Ele entrou no hospital por­tando um quadro clínico de diarreia, transtorno de conduta, quase 13 quilos abaixo do peso normal", disse seu médico particu­lar, César Leite. "E apa­rentava um envelheci­mento entre cinco e seis anos", relembrou. Os

266 dias de prisão na Papuda (DF), acredita o médico, não fi­zeram bem para seu paciente.

Escutas. Cachoeira ficou co­nhecido em 2004 após divulga­ção de vídeo que o flagrou ofere­cendo propina a Waldomiro Di­niz, ex-assessor de José Dirceu. Em março deste ano, escutas te­lefônicas da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, revela­ram que o senador Demóstenes Torres atuava no Congresso em favor de Cachoei­ra, defendendo os jogos ilegais. Segundo a PF, Demóstenes se­ria, ao lado do governador Mar­coni Perillo (PSDB-GO),um dos principais contatos de Cachoei­ra. Demóstenes nunca negou a amizade, mas refutou, em pro­nunciamento, as acusações de que agiria em favor do contraven­tor no Congresso.

O Congresso abriu ainda a CPI do Cachoeira para investi­gar as relações do contraventor com parlamentares - além de De­móstenes, foram citados nas gra­vações da PF os deputados fede­rais Carlos Alberto Lereia (PSDB), Jovair Arantes (PTB), Stepan Nercessian (PPS) e San­des Júnior (PP).