Título: Não fiquei surpreso, diz Lula sobre operação
Autor: Teixeira, Cristiane Vieira
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Nacional, p. A6

Breve declaração é a única feita até agora por ex-presidente sobre novo escândalo do governo

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um comentá­rio breve ontem sobre o escân­dalo envolvendo a ex-chefe de gabinete do escritório da Presi­dência da República em São Paulo Rosemary Noronha: "Não, não fiquei surpreso", dis­se ao ser questionado em Ber­lim se "havia ficado surpreso"" com a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que apon­tou a existência de grupo que vendia pareceres de órgãos pú­blicos a empresas privadas.

Lula deixava o Congresso In­ternacional do Sindicato dos Me­talúrgicos da Alemanha ontem, quando foi questionado por jor­nalistas sobre o assunto. Após a resposta, preferiu não dar se­quência à breve conversa.

O ex-presidente foi responsá­vel pela nomeação de Rose, co­mo a ex-assessora é conhecida. Ela é suspeita de tráfico de in­fluência por causa de suas rela­ções com Paulo Vieira, ex-dire­tor da Agência Nacional de Águas (ANA), apontado pela Po­lícia Federal como chefe do gru­po que vendia os pareceres. Foi ela quem o indicou para o cargo.

Segundo as investigações, Ro­se recebeu benefícios, como via­gens em cruzeiros, ao usar o car­go em São Paulo a fim de oferecer facilidades para a quadrilha. A ex-assessora deixou o cargo após a deflagração da operação da Polí­cia Federal, há duas semanas.

Agenda. Em Berlim, Lula parti­cipou como palestrante do con­gresso internacional do Sindica­to dos Metalúrgicos da Alema­nha e foi o convidado da funda­ção política alemã Friedrich Ebért para um colóquio sobre o papel do Brasil na nova ordem mundial, ao lado do líder da ban­cada social-democrata no Parla­mento alemão, o deputado Frank-Walter Steinmeier (SPD), opositor ao partido da chanceler Angela Merkel (CDU). Amanhã, o ex-presiden­te segue para Doha, no Catar.

Em ambos os eventos, Lula apontou o incentivo ao comér­cio como uma possível solução para a crise dos países da zona do euro. "Precisamos aumentar o : consumo e o comércio para au­mentar o emprego e estamos fa­zendo exatamente o contrário", criticou o ex-presidente, que se­gue em viagens internacionais até sexta-feira que vem.