Título: É hora de passar o bastão, afirma João Paulo Cunha
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/12/2012, Nacional, p. A10
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal, admitiu ontem que é hora de "passar o bastão". O parlamentar criticou a decisão do Judiciário, afirmou que os ministros do STF foram "seletivos" e que a história vai corrigir "injustiças" cometidas contra o PT.
"Eu, pessoalmente, já estou começando a trabalhar a hipótese de que a vida é assim. A vida é como uma árvore, que cai uma semente e dela brota outra árvore. Agora é importante a gente salvar o projeto, tocar para a frente e passar o bastão para os outros companheiros", disse o deputado, em seminário do PT paulista em Embu das Artes (SP).
"Eu, o Zé (o ex-ministro José Dirceu) e o (ex-presidente do PT Jose) Genoino estamos realmente passando, e a responsabilidade agora é das pessoas que chegam."João Paulo, que disse viver um "calvário", citou como exemplo o momento em que abriu mão da candidatura a prefeito de Osasco, ao ser considerado culpado pelo STF. Seu vice, Jorge Lapas, assumiu a vaga e venceu a disputa no i.° turno.
O deputado criticou o tratamento dado pela imprensa ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cobertura do julgamento do mensalão e da Operação Porto Seguro. Uma das indiciadas pela Polícia Federal é Rosemary Noronha, ex-chefe de, gabinete da Presidência em São Paulo e íntima do ex-presidente.
"Observe a crueldade que fazem nesse momento com o Lula. Fazem entrevista com o ex-presidente Fernando Henrique, que merece todo o respeito, mas é bajulação. Incompatível quando comparado com o Lula", afirmou. "A história fará a correção do que está acontecendo agora. Acho que eu não vou estar vivo, mas a história vai corrigir."
O deputado não quis comentar a possibilidade de o STF cassar imediatamente os mandatos dos deputados condenados, mas indicou que espera ficar no cargo até ;;
2014, quando termina seu mandato. "Com todos os problemas que tenho, fico muito incomodado quando alguém tenta dar lição de ética na gente. Eu tenho 28 anos de mandato - 30 anos eu vou fazer em 2014, de mandato."
Ética. Na mesma linha de raciocínio, a direção do PT decidiu não aplicar dispositivo do Código de Ética, que prevê a expulsão de filiados condenados em última instância pela Justiça. O documento foi produzido após o escândalo do mensalão e tem entre seus redatores o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "É ao PT que cabe o direito de defesa dos acusados, com comprovação das denúncias, porque o Supremo não permitiu isso", disse a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). / colaborou
vera rosa